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sábado, 31 de dezembro de 2011

Reflexões de fim de ano

2011
               Nunca fiquei tão chateado com as pessoas do meu país como neste ano. Aliás, minto, pois as eleições de 2010 também me fizeram ficar igualmente aborrecido. Há muitos anos um professor meu do DEHIS da UFPR disse uma frase que soava mais ou menos assim: "É uma falácia absurda dizer que o povo e a sociedade brasileira são pacíficos; que os brasileiros são marcadamente cordiais. É ridículo que ainda se negue a violência que existe e sempre existiu nas relações entre os grupos, etnias, religiões, tendências políticas. Este país é um dos mais violentos do mundo. Hoje e ontem".

                Eu me recordo que a discussão acabou indo para um caminho de analisar apenas a violência promovida pelo Estado brasileiro no século XX. E, não precisa ser muito esperto para perceber, para ver na história desta nação que muitas vezes as reivindicações dos extratos mais baixos da sociedade brasileira viraram assunto de polícia. Mas não é da violência do Estado que quero falar, e de certa forma, desabafar.

                Nos últimos anos, com destaque para 2011, vem se manifestando no país inteiro opiniões e argumentos ridiculamente construídos, contra pessoas, regiões, grupos políticos e religiões. Vamos pensar em alguns casos.


                Homofobia:
                Os brasileiros nasceram homofóbicos? Certamente que não. Esta manifestação absurda de preconceito está de certa forma relacionada ao nosso passado cristão, católico. Houve épocas em que a Igreja católica brasileira recriminava veementemente esta questão. O que é mais engraçado é que o homossexualismo feminino era "tolerado" por que não desperdiçava sêmen. A historiadora Mary Del Priore tem alguns bons textos sobre o tema da sexualidade no Brasil.
                Provavelmente por conta desse nosso passado cristão e também pela maioria absoluta da população brasileira seguir esta milenar religião, independente da igreja a qual freqüenta, desenvolvemos o pensamento de que o homossexualismo é um pecado e violenta os preceitos determinados por "Deus" em seu "Livro Sagrado". Lembremos que estamos no campo da análise histórica e não da religião.
                Para mim pouco importa se é pecado ou não. Eu simplesmente não conseguirei nunca identificar-me com uma religião que prega o perdão, o amor ao próximo em absoluto e defende a perseguição e discriminação de uma pessoa por conta da sua opção sexual. Religião e sexualidade não medem caráter. Se nós buscamos um valor moral em absoluto para nortear as ações humanas, não é na religião nem na sexualidade que encontraremos tal padrão. Nos últimos anos tenho assistido uma perseguição intensa e uma recriminação absurda contra esta parcela da população. E acredito que eles tenham sim o direito de se organizarem politicamente para conquistar seus direitos. Embora ainda tenha algumas ressalvas sobre os caminhos que se constroem para a legitimação dos seus direitos, é extremamente justo reivindicá-los.
                E antes de qualquer coisa, sou hétero. Minha preocupação maior hoje em dia é que este debate não está mais sendo realizado no palco da retórica, mas sim, nos ringues que as ruas se tornaram. Eis ai que cai por terra essa idéia de que somos um povo pacífico. Mas não terminou ainda.
                Religiosos VS. Ateus:
                Aqui se manifesta a ignorância mais arrogante de todas. Ambos os segmentos se consideram detentores de um conhecimento maior, superior e pleno que lhes atribui o direito de violentar e desrespeitar a crença (ou falta dela) por parte do outro grupo. Sou religioso, mas confesso que tenho mais facilidade de dialogar com ateus do que com cristãos pessimamente informados acerca da história da religião que professam.
                O que me entristece é o fato de que eu acredito piamente que união de forças para resolver problemas em comum não acontecem por conta deste orgulho mesquinho por parte destas duas forças que se digladiam. De que adianta ter ou não ter fé, se as intervenções necessárias para melhorar as condições de vida das pessoas não são feitas?
                Anos atrás eu soltava críticas ásperas às igrejas neopentecostais, enfatizava o absurdo das "indulgências" que muitas vendem e a ignorância preconceituosa que manifestam contra outras igrejas e formas de fé. Hoje em dia, minhas críticas são contra estas ações, que estão presentes em todas, mas não são mais dirigidas de forma generalizada às pessoas e às instituições. Ano após ano tomo conhecimento de ações tomadas por pessoas simples, sem vínculos com igrejas, apenas conectadas com uma idéia que muito me agrada: caridade.
                Muitos evangélicos e católicos se desprendem de suas funções diárias e doam parte do seu tempo para visitar doentes em estado terminal, penitenciárias, moradores de rua. Muitas escolas ligadas a igrejas ofertam educação de qualidade para quem não tem condições. Pode até alegar-se que eles estão dispostos a forçar uma conversão e eu não negaria esta questão, mas o fato é que, quem mais faz isso? O Estado brasileiro comandado pela elitezinha podre?
                Quanto aos ateus, são uma força intelectual crescente e que também se posicionam a partir de ações afirmativas. O problema é que a única coisa que eu vejo das "ONG's" dos ateus é que utilizam sua "brilhante superioridade intelectual" e o seu tempo livre para agir de forma muitas vezes fascista e desrespeitosa para com um dos fenômenos humanos mais relevantes, que é a religião. Qualquer pessoa que conhece o mínimo de história sabe que a sociedade burguesa ocidental contemporânea, que abriu as portas para o surgimento do ateísmo está associada às reformas religiosas que aconteceram no cristianismo lá no século XVI, no norte da Europa. Se não fossem protestantes religiosos que defenderam pela primeira vez na história do Cristianismo a liberdade de culto e expressão de fé, ideias que são pilares da democracia moderna, onde estariam os ateus? Talvez queimados.
                Se os ateus são tão humanistas quanto pregam, deveriam respeitar a religiosidade e/ou falta dela em qualquer ser humano, e não agredindo seus símbolos e valores. E falo mais, sairiam das redes sociais virtuais e partiriam para a ação social real, levando seu pragmatismo para aqueles que necessitam de alguma perspectiva na vida para sair da condição de miséria moral, intelectual e material que se encontram.
                Política:
                Isso é o que me deixa mais aborrecido e cansado e confesso que muitas vezes me faz perder a minha virtude de ser de fato um pacifista. Tem horas que se manifesta em mim ideias dignas de um Jean Paul Marat: cabeças deveriam ser cortadas.
                Mas vamos aos fatos. O que mais observei neste ano na política brasileira nem foi aquilo que mais me chama a atenção, que são os assuntos econômicos. Parafraseando Lula, nunca antes na história deste país vi tantas denúncias de corrupção. A impressão que me passa é que a corrupção foi inventada agora. Onde estava a grande imprensa delatora nos anos de 1990-2002?
                Sujeira das mais baixas. O que a oposição e a imprensa ligada a ela fazem é hediondo. Denunciar apenas agora é o suficiente para eu entender que a corrupção existente anteriormente acontecia com a conivência dos meios de comunicação associados ao PSDB e (PFL) DEM. E nesta história toda, palmas para Dilma.
                Primeiro por que não se conseguiu levantar nada contra ela. Não vou ser maluco de dizer que ela não fez nada de errado na vida política, mas nenhuma acusação contra ela aconteceu e creio que vai ser difícil que aconteça. Segundo por que ela não pensou duas vezes nas situações em que teve que forçar a renúncia ou até mesmo mandar embora secretários e ministros. Será que Serra, FHC, Maluf, Magalhães da vida fariam o mesmo?
                Do outro lado, o PT que durante anos me fez crer que era possível ter esperança na política esfriou muito meu idealismo quando notei que muita gente da cúpula do partido estava e está mais suja que pau de galinheiro. O mensalão ainda não me desce, bem como o "não sei de nada" do Lula.
                Mas, vamos ao que mais me irrita. Os demo-tucanos não estão denunciando corrupção por que se opõem a ela. Daqui da minha cadeira no quarto eu observo que quando eles saíram do poder, perderam a galinha dos ovos de ouro. O Estado, que até então era cliente especial das empresas dos amigos e familiares desta corja podre da política brasileira, esteve desde 2002 nas mãos do "inimigo". Quem vai na onda da Veja, da Folha, acreditando que se trata de uma luta por moralizar a política brasileira está ridiculamente equivocado.
                E quem é que mais perde enquanto estas elites políticas vinculadas ao poder econômico se digladiam na arena da política? Nós todos que ainda temos um dos mais baixos IDH do mundo, temos milhões na pobreza, na violência urbana, na prostituição infantil, na educação de baixa qualidade, na dependência tecnológica dos grandes países, na péssima distribuição de renda, na péssima saúde, na ridícula mobilidade urbana, na escandalosa e cruel violência contra o meio ambiente.
                A violência que estas elites políticas podres do nosso país praticam entre si, acaba virando saraivadas de balas perdidas em 190 milhões de brasileiros.
                E você que leu este texto, ainda acredita que somos um país com povo pacífico?

                Feliz ano novo.
OBS: No próximo post pretendo falar sobre a intolerância regional.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Fim do Mundo

Tá ai um tema que eu adoro estudar, as diferentes interpretações acerca do possível fim do mundo. Tão logo eu tenha tempo, vou compartilhar aqui com os alunos algumas observações acerca do tema. Por hora, só passei para divulgar uma notícia bem legal do caderno de ciência da Folha de São Paulo, umas das poucas coisas legais daquele jornaleco
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/999375-fim-do-mundo-maia-e-um-erro-de-interpretacao-diz-arqueologo.shtml
Abraços
Prof. André

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Os cânceres

Olhando para os comentários absurdos que povoam as redes sociais e sites de jornalismo no que diz respeito ao câncer do Lula, cheguei a seguinte conclusão: As classes média, média-alta e alta deste país são FASCISTAS e tem vergonha de admitir.
Dá para sintetizar os argumentos dos leitores da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Globo.com e Veja da seguinte maneira: Como ele é nosso rival político, o câncer dele é algo bom, logo, que morra rápido, já que a democracia nos impede de matá-lo. É uma pena que o regime democrático que tanto gostamos nos impede de fazer o serviço sujo. Ainda bem que o câncer está ai para matá-lo.

Absurdo dos absurdos. E ao mesmo tempo, amedrontador. Estes comentários acerca do SUS me irritam ainda mais. O SUS criado em 1988, é vinculado ao Ministério da Saúde, que depende das verbas do Estado. A maior parte do equipamento ambulatorial e medicamento que o SUS disponibiliza sempre é comprado de empresas privadas e que ganham licitações muitas vezes sabe-se lá como. De 1988 até 2002 o Sistema esteve sob controle de governos da direita brasileira, logo, se ele não é um sistema de excelência, não é exclusividade do PT ou da gestão do Lula tal problema. O fato é que não preciso e nem quero fazer propaganda partidária. Só vou compartilhar experiências que tenho. Na minha comunidade aqui em Colombo conheço várias pessoas que são atendidas por agentes de saúde da prefeitura e recebem medicamentos de graça. Muitas vezes o agente vai inclusive na porta da casa da pessoa perguntar o motivo pelo qual a pessoa não compareceu na distribuição do remédio. Todas as pessoas que conheço que são amparadas por este programa podem não ter a formação "brilhante" dos jornalistas destes meios de comunicação, mas são unânimes em afirmar que nunca viram ações como essa em governos anteriores.

Em resumo, achar que o câncer do Lula é uma situação "ótima" é a manifestação de xenofobia política mais insana que já vi e nunca imaginei que veria algo desta maneira. Acreditar que ele Lula é o único responsável pelo descaso dos governantes e das ELITES PODRES E ARCAICAS deste país é ignorância sobre a história deste país, tanto quanto é ignorância afirmar que a saúde não teve melhoras nesta última década. E eu tenho certeza que o Lula já teria pronunciado um sentimento de tristeza publicamente se quem estivesse com este problema fosse FHC, Serra ou Alckmin, tal como pronunciou-se lamentando a morte de Mário Covas, anos atrás. Se o Lula tem que combater este câncer, setores da nossa sociedade precisam de uma quimioterapia política.

domingo, 23 de outubro de 2011

Atualizações - muuuuitos slides

Então moçada, desculpem a demora para disponibilizar os slides. Ainda tenho recuperações para corrigir e aulas para montar. A coisa tá corrida. Mas ai estão as aulas do quarto bimestre, tanto do sesc são josé e outras para o heráclito.
abraços

Guerra fria - segundos e terceiros anos
http://www.4shared.com/file/EUGER5no/guerra_fria.html
OBS: Segundo a Ana Claudia, eu errei um acento na Coréia e escrevi um "interveir" ao invés de intervir, em algum lugar. Por favor, quem pegar o arquivo, faz a correção.
Em tempo, rock'n'roll e história
http://www.youtube.com/watch?v=jc29eInPNNI
Era Vargas, República Liberal (ou populista para alguns) e Ditadura Militar - segundos e terceiros anos (vale lembrar que este slide não é 100% meu. Peguei a maior parte dele do blog de um professor de história chamado Ailton, apenas fiz umas ligeiras adaptações. Eu publiquei o link para o blog dele semanas atrás).
http://www.4shared.com/document/4tgpt-jy/BRASIL_-_ERA_VARGAS.html
http://www.4shared.com/document/ldakFSi7/Brasil_Repblica_Liberal.html
http://www.4shared.com/document/s0EJ1dVW/Brasil_Repblica_-_Regime_Milit.html


Disputas pelas colônias portuguesas na América, diversidade da economia colonial e expansão territorial - primeiros anos
http://www.4shared.com/document/rRJIi6Ev/Disputas_europias_pela_colnia_.html

América Colonial Espanhola - Primeiros anos
http://www.4shared.com/document/Eo8ZokJA/A_Amrica_Colonial_Espanhola.html

Absolutismo inglês - primeiros anos
http://www.4shared.com/document/jrPOAvGn/O_Absolutismo_Ingls.html

Ainda falta um tema do primeiro ano, mas não vou utilizar slide nas aulas e para o terceiro falta sobre descolonização afro-asiática, que também não vou utilizar slide.

Abraços para todos
André
OBS: Caramba, estou morrendo de dores nas costas e pernas de tanto ficar sentado, corrigindo, montando aulas, provas, slides. Então, façam o favor de acessar isso e baixar, pois eu me empenhei nisso. hehehe
Novamente, abraços

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Segunda guerra - atualizado

Saudações, alunos dos segundos e terceiros anos que estão se divertindo com Segunda Guerra Mundial.

Aqueles vídeos que editei e levei para sala de aula são grandes demais e não coloquei em lugar nenhum da internet. Sem contar que eu ainda quero melhorá-los, sobretudo na edição do áudio. Eu atualizei o arquivo de power point utilizado ano passado com algumas fotos extras. Ai embaixo vão os links para download
Aquele arquivo com sonorização que chegou até mim via e-mail, mostrando o avanço das tropas
http://www.4shared.com/document/EgCQb-eu/2_guerra_mundial_-_avano_das_t.html

Meu slide de 2ª Guerra atualizado
http://www.4shared.com/document/WAKWRJMU/Segunda_Guerra_Mundial_-_atual.html

Slide com alguns comentários dos aviões utilizados na 2ª Guerra
http://www.4shared.com/document/vad1WQ3F/avies_da_Segunda_guerra.html

video do stuka em ação, com a trilha sonora de Richard Wagner
http://www.youtube.com/watch?v=FymTeD6RDzs

Caças Messerschmitt BF 109 em ação, aqueles que escoltavam os bombardeiros que atacavam a Inglaterra. Ao fundo, o hino do partido nazista
http://www.youtube.com/watch?v=2jLKoXGX2Tw

mais um do Messer
http://www.youtube.com/watch?v=EZ0dwg6v--w&feature=related

Só para constar, esta série de messerschimitt tinha um problema grave. Devido ao fato do nariz do avião ficar muito elevado, tanto para decolar como para pousar havia enorme dificuldade, por que o piloto não conseguia enxergar o chão direito.

Este vídeo aqui é muito legal. Trata-se de um vídeo de propaganda de guerra, dos ingleses, mostrando suas máquinas, suas vitórias durante a Batalha da Britânia, os ataques aéreos contra a Inglaterra. Os vídeos das batalhas são legais e o texto do narrador também é bem bacana. Nesta época, era comum as pessoas irem aos cinemas para verem notícias da guerra
http://www.youtube.com/watch?v=m0-fVLCnsBs

Este segundo vídeo mostra a produção de armas dentro das indústrias inglesas, destacando a produção de aviões. É muito legal a propaganda incitando os trabalhadores a trabalhar de forma disciplinada, chamando a responsabilidade da guerra não apenas para os soldados, mas também para os operários.
http://www.youtube.com/watch?v=WLOVzgew5Jw&feature=relmfu

Enfim... vou parar de trazer estas coisas por hora por que também preciso montar as edições finais para o material dos alunos dos primeiros anos. Abraços e divirtam-se

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A palhaçada das telecomunicações

Enquanto você navega pela internet, alguém está sentado planejando ganhar mais dinheiro com esta sua simples ação. Vejamos: nós pagamos pelo serviço da internet para as empresas que vendem o acesso (gvt, oi, telefonica, net, etc). O serviço é péssimo, principalmente o de tecnologia 3G, mas ainda assim pagamos, em muitos casos mais de R$ 100 por mês para ter acesso a internet. O salário mínimo nacional é de R$ 545, ou seja, é preciso gastar quase 20% do salário mínimo para ter acesso a um serviço de internet ridículo.

Segundo o site http://www.adnews.com.br/, temos mais de 80 milhões de usuários (http://www.adnews.com.br/internet/110788.html) da rede mundial de computadores. E se você não conhece este site e quer outro com uma "tradição de credibilidade" (embora já tenham errado várias pesquisas eleitorais), o IBOPE informou em março deste ano que somos 73 milhões de usuários (http://info.abril.com.br/noticias/internet/brasil-atinge-73-9-milhoes-de-internautas-18032011-32.shl).
Considerando ai famílias, vamos fazer de conta que 1/3 da população brasileira de usuários da internet pague RS 89 por mês, (certamente é muito mais que isso, pois há quem tenha plano de internet em casa e plano para celular), mais os servições telefônicos, somando ai uma conta de RS 130 por mês. Multipliquemos R$ 130 por cerca de 30 milhões de brasileiros. É lógico que há diferenças regionais e de planos de internet, mas mesmo assim dá para notarmos que ai vem um número grande prá caramba, um volume enorme de dinheiro.

Não acho que o lucro seja injusto, pelo contrário, todos temos o direito de melhorar e crescer, ganhar mais. Jamais condenaria o lucro, não estou a fim de inventar outro purgatório. O que é ridículo é o lucro desenfreado sem nenhum compromisso com as mazelas sociais.

Agora, vejamos a notícia de hoje:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/968495-teles-querem-taxar-uso-pesado-da-internet.shtml

"As operadoras estão se articulando para convencer a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) a permitir que elas possam cobrar a mais de clientes que usam a internet de forma abusiva, informa reportagem de Julio Wiziack para a Folha.
A íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
As teles também querem cobrar uma "taxa" de empresas como Google, Microsoft, Apple e Facebook. Motivo: essas companhias lançaram produtos e serviços que estão fazendo o tráfego de dados atingir níveis que podem levar as redes à saturação.
Por isso, as operadoras querem fazer a "gestão desse tráfego" e compartilhar investimentos por meio do pagamento dessa "taxa".
Para elas, não é justo que empresas cujo modelo de negócio se sustenta em acessos em suas redes faturem às suas custas sem colaborar com o desenvolvimento da infraestrutura do país."

Ai começa a palhaçada.
Então, se você paga pela internet e fica tempo demais no orkut, msn, facebook, você está usando de forma ABUSIVA. Se você faz downloads, está fazendo de forma ABUSIVA. Se você fica tempo demais vendo vídeos no youtube, danças, video-aulas, cachorros, gatos, música, também é ABUSIVO. Se você joga xbox live, é ABUSIVO. Se usa conteúdo da Aplle, é ABUSIVO.

A PALHAÇADA É: VOCÊ PAGA UM PREÇO ABUSIVO POR UM SERVIÇO RUIM E É CHAMADO DE ABUSIVO POR USAR.
E POR USAR, AS EMPRESAS ESTÃO EXIGINDO QUE O GOVERNO PERMITA QUE ELAS COBREM MAIS CARO DE VOCÊ.

Depois acham que o cliente é abusivo. E o que é que estas operadoras estão fazendo?? Não é abusivo também???

E detalhe: Estão querendo cobrar do google, youtube, empresas de internet em geral, que paguem para as concessionários por que os clientes das concessionárias abusam da internet ao entrar nestes sites.

Ora bolas, é justamente o conteúdo do google, do youtube, do faceboock, da aplle que, dia após dia, faz com que mais pessoas procurem as concessionárias para pagar pelo acesso a internet.

Então... palhaçada sem tamanho.

Um grande abraço de seu indignado Professor André

Mais corrupção moral, mais desvio de conduta, mais impunidade. Até quando?

Existem tantos problemas para resolver, mas o que mais me incomoda é a impunidade. Há uma máxima no direito que afirma que não é a violência da punição que pode conter o crime, mas a certeza de que o crime será punido. Não sou um estudioso da sociologia do crime, mas isso para mim me parece tão óbvio quanto dois mais dois são quatro. Todos nós pensamos duas vezes antes de colocar o dedo no nariz se vemos que alguém pode estar por perto e nos reprovar por esta atitude. Por que é certo que se alguém ver, vai condenar a atitude. A certeza desta condenação nos impede de fazer tal gesto. Agora, entrem sozinhos num elevador sem espelhos ou câmeras...

O fato é que eu vejo notícias como esta http://www.paulopes.com.br/2009/06/pastor-engravida-menina-e-afirma-foi.html, ou como a condenação sem punição para o Jaime Lerner, que coloquei em um post anterior, ou ainda leio uma notícia na qual o advogado do ex deputado Carli aparece dizendo que ele não deve ir para cadeia "por que sua pena já foi dada, sua imagem pública está para sempre arruinda". E quando vejo isso, me entristeço, pois me surge na cabeça a seguinte questão "é isso que nossa juventude está vendo? Que o crime compensa? Que quem erra não é punido?"

Isso vai totalmente contra o meu trabalho de professor, que busca ensinar além de conteúdos específicos da disciplina, valores morais UNIVERSALMENTE aceitos, mas ainda longe de vê-los em aplicação nas relações sociais humanas. Valores como a solidariedade, respeito à diversidade, caridade, responsabilidade para com o patrimônio público, desenvolvimento intelectual, entre outros.

O que me incomoda não é o crime que um menino de rua comete, ao assaltar um taxista ou um cobrador de ônibus para comprar uma pedra de craque ou fumar maconha. O que me incomoda é ver políticos desviando milhões da educação, da saúde para atender interesses podres deles mesmos e dos empresários que os apoiam em campanha. Me irrita saber que distribuição gratuíta de remédios para pobres é feita através da compra superfaturada dos mesmos remédios em laboratórios farmaceuticos cujos proprietários patrocinaram campanhas de deputados demagogos. É meu imposto fazendo este empresário farmaceutico ficar mais rico com o pretexto de melhor a saúde da população, sendo que todo mundo sabe que investimento em saúde pública e medicina preventiva sai muito mais barato. 

O que me incomoda é ver um judiciário que intencionalmente atrasa os processos que podem condenar estas elites pútridas, para inocentá-los por que o processo prescreveu. E no caso do judiciário há um problema maior ainda. Pelo menos, os deputados do legislativo e os membros do executivo eu "posso" tentar destituir com o voto. Juízes e promotores ficam no cargo para sempre e ainda liberam concessões de cartórios para seus familiares. Praticamente fundam dinastias neste poder e a coisa se configura quase como um Absolutismo do poder judiciários dentro da sociedade capitalista burguesa. Não consigo imaginar nada mais anacrônico que isso.

É perigoso um juiz mancomunado com o legislativo criar uma lei me proibindo de cutucar o nariz em logradouros públicos para manter a ordem e os bons costumes. Já me fazem trabalhar quatro meses por ano para pagar impostos. Não quero esperar a punição por tirar o tatu surgir para escrever um texto que conteste essa bizarrice institucional e exploradora que estamos vivendo.
Pronto, desabafei. E tirei o tatu.

Abraços
Prof. André

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Quando a polícia é que tem medo

Abaixo a transcrição da coluna desta quarta feira, dia trinta e um de agosto de dois mil e onze, do jornalista Clóvis Rossi da (FALHA) folha de são paulo. Para ler e pensar a respeito

Quando a polícia é que tem medo.

"El País", o grande jornal espanhol, publica na capa desta terça-feira uma foto que acaba sendo um instantâneo da triste história da violência na América Latina: três policiais mexicanos conduzem dois presos, acusados de responsáveis pelo incêndio em um cassino de Monterrey, na semana passada, que causou a morte de 52 pessoas.
Detalhe revelador --e assustador: os soldados estão encapuzados, só os olhos à mostra, ao passo que os detidos exibem o rosto descoberto, sem sinal de medo. Pertencem, diz a legenda, ao cartel dos Zetas, um dos muitos grupos do crime organizado que ensanguentam o México faz anos.
A legenda da foto deveria ser assim, para contar a história real: a polícia tem medo e esconde o rosto, mesmo cumprindo o seu dever; a criminalidade não teme nem a prisão nem a polícia.
No Brasil, estamos longe de um retrato similar? Acho que não. É só lembrar dois acontecimentos relativamente recentes:
1 - Os ataques do PCC em São Paulo, em 2005. A polícia ficou com medo dos criminosos. Tanto que passou a proteger suas dependências, temerosa da repetição de ataques. Em circunstâncias normais, postos policiais dispensam proteção porque os criminosos querem é passar longe deles.
2 - Sem o apoio das Forças Armadas, a polícia do Rio de Janeiro não teria conseguido recuperar territórios, como o Morro do Alemão, controlados pelo narcotráfico fazia já um bom tempo. Posto de outra forma: a força da polícia é inferior à do crime organizado.
Nesse cenário, dá até para entender a reação de uma parte do leitorado que apoia a violência da polícia exibida no vídeo do "estrebucha". Mas é uma reação completamente equivocada.
Primeiro porque permitir que a polícia funcione como pelotão de execução é dar um passo mais em direção à barbárie.
Segundo porque a única maneira de devolver o medo aos bandidos é reduzir o grau de impunidade, o que, por sua vez, passa, entre outros pontos, pelo reequipamento das forças policiais, pelo reforço do trabalho de investigação e inteligência e, na minha opinião, pelo aumento das penas e menor flexibilização na sua aplicação.
É mais difícil e mais demorado do que linchar algum prisioneiro, mas se linchamento fosse solução estaria nas leis de países em que a polícia não precisa esconder o rosto.

Disponível no site
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/968106-quando-a-policia-e-que-tem-medo.shtml

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Renascimento - parte 01

Daê moçada, aqui vai o slide sobre renascimento, mais para frente eu vou escrever um texto especial sobre o tema, por que é um dos que mais gosto de estudar. Um grande abraço
Prof. André
http://www.4shared.com/file/A3Cprjaj/Pinturas_Renascentistas.html

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Para perder a fé na humanidade??????

As vezes acho que ninguém lê este blog, nem o público alvo. Mas, tudo bem, não consigo perder a fé na humanidade e na educação. De qualquer forma, nesta quinta feira, 25/08/2011, saiu na [FALHA] folha de são paulo (sim, escrevo em mínusculo propositalmente) mais uma coluna do Hélio Schwartsman. Vou colocar ela aqui na íntegra, mas para quem quiser ler no próprio site da "FALHA", vai o link
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/964588-para-perder-a-fe-na-humanidade.shtml
Eu, particularmente, acho muito interessante as experiências descritas nos itens 4, 6 e 7.

Para perder a fé na humanidade

Desenvolvo hoje um matéria publicada na última segunda, mas que, por imposições do espaço físico, saiu num tamanho muito menor do que o ideal. A ideia era mostrar alguns experimentos que, tomados pelo valor de face, nos fazem perder a fé no gênero humano. Eles revelam fraquezas fatais da espécie, vieses constrangedores e ilusões cognitivas comprometedoras.

Antes, porém, de concluir pela inviabilidade do Homo sapiens, vale lembrar que também seria possível levantar experiências que sugerem, à maneira de Rousseau, uma natureza humana boa, capaz de altruísmo autêntico, de transcendência e de produzir conhecimento. O problema é que, entre os "bugs" implantados em nosso cérebro, está um que nos impele a ver o mundo como uma sucessão de dicotomias --somos bons ou maus?, a vida tem ou não um propósito?, somos só bichos ou ultrapassamos a animalidade?--, quando a realidade é mais bem descrita num "continuum", que admite o convívio de nossas falhas e virtudes.
Meus amigos do caderno Ciência fizeram o que era possível para adequar as copiosas descrições que eu lhes enviara aos parâmetros do jornal que, receio, sacrifique cada vez mais os textos em favor de imagens e outras firulas. Mas, como eu acho que frequentemente a genialidade de um experimento está em seus detalhes, volto à carga, trazendo mais casos (não couberam todos) e seus às vezes indispensáveis pormenores. Prometo, porém, que vou poupar o leitor das tecnicalidades mais aborrecidas. Divirtam-se.

1. Stanford Prison Experiment (SPE)

O que importa é o caráter das pessoas, certo? Talvez não. Em 1971, o psicólogo Philip Zimbardo estava interessado em descobrir se traços de personalidade de prisioneiros e guardas explicavam situações abusivas nas cadeias. Para tanto, decidiu criar um simulacro de xadrez no porão do Jordan Hall (sede do Departamento de Psicologia da Universidade Stanford).

Recrutou 24 voluntários em perfeita saúde mental. Num sorteio, parte do grupo ficou com o papel de guarda, e o restante, com o de prisioneiros. Estes receberam um uniforme e um número, pelo qual passaram a ser chamados. Os guardas ganharam vestes militares, óculos escuros e um cassetete. Foram instruídos a assustar os presos, mas jamais usar força física contra eles.

Rapidamente as coisas saíram de controle. Os guardas começaram a mostrar-se cada vez mais cruéis para com os prisioneiros, que, depois de uma tímida tentativa de rebelar-se, foram aceitando docilmente as humilhações a eles impostas. Eram forçados a participar de contagens e a fazer exercícios como sanções disciplinares. O próprio Zimbardo se deixou absorver pela situação e pelo papel de superintendente. Foi só depois que sua namorada visitou o local e constatou que limites éticos haviam sido rompidos, que o psicólogo começou a questionar a moralidade da situação. No sexto dia, o experimento, concebido para durar duas semanas, foi interrompido (e sob os protestos dos guardas).

A moral da história é que o comportamento dos participantes foi em larga medida ditado pela situação em que se encontravam, com papéis que lhe foram aleatoriamente atribuídos, e não apenas por traços de sua personalidade. É um "insight" para compreender situações como Abu Ghraib e até fenômenos sociais como o nazismo.

2. Milgram

Na mesma linha do SPE, mostra que, quando a situação o exige, pessoas normais são capazes de coisas terríveis. Em 1963, Stanley Milgram, da Universidade Yale, descreveu experimentos nos quais voluntários são convidados por um pesquisador a aplicar choques elétricos num ator como punição por respostas errada num teste de memória. O voluntário, é claro, não sabe que seu companheiro é um ator e que a máquina de choque é falsa. Não obstante, quando instados pelo pesquisador a aumentar a voltagem dos choques falsos, 65% obedeceram até chegar à carga máxima de 450 volts, apesar dos gritos do ator.

3. "Political junkies", o prazer com a contradição

Ao decidir o voto, colocamos a razão a serviço do bem comum, como quer a turma do politicamente correto, ou de nossos interesses, na versão cínica. Esqueça. Isso é bobagem. O psicólogo Drew Westen (Universidade Emory) mostrou que, também na política, as emoções falam mais alto que a lógica. Ele enfiou 15 eleitores do Partido Republicano e 15 do Partido Democrata num aparelho que monitorava a atividade de seus cérebros enquanto seus candidatos do coração apareciam em situação desfavorável. A cada um dos participantes foram apresentadas seis situações fictícias que mostravam flagrantes contradições de John Kerry (candidato democrata), seis de George W. Bush (republicano). Ao final de cada situação, o participante tinha de dar uma nota, indicando se achava que o candidato havia caído em contradição e em que grau, de 1 (discorda fortemente) a 4 (concorda fortemente).

Como previsto, os eleitores não tiveram dificuldade para perceber a contradição do candidato a que se opunham, colocando a avaliação média perto de 4. Já as contradições dos postulantes de sua preferência receberam nota próxima a 2. Analisando as imagens do "scanner", os cientistas puderam reconstituir os passos da razão eleitoral de suas cobaias. Quando os eleitores foram confrontados com informação potencialmente ameaçadora a suas convicções, foram ativadas redes de neurônios associadas a estresse. O cérebro percebe o conflito entre os dados e o desejo e começa a procurar meios de desligar o interruptor que deflagrou a emoção negativa. Em seguida, os circuitos ligados à regulação de estados emocionais recrutam crenças capazes de eliminar o estresse. É por isso que a contradição é apenas fracamente percebida. Os circuitos normalmente envolvidos no raciocínio lógico quase não são ativados.

A surpresa foi constatar que esse processo de relativização das contradições não se limita a desligar as emoções negativas. Ele também dispara emoções positivas, acionando circuitos do sistema de recompensa, que em grande parte coincidem com as áreas ativadas quando viciados em drogas tomam uma dose de manutenção.

4. Professor Fox

O importante é ter conteúdo. Essa é outra balela. Aparências são muito mais importantes. Em meados dos anos 70, psicólogos da Universidade da Califórnia criaram o Dr. Myron L. Fox. Ele era uma fraude. Não havia nenhum Dr. Fox e seu currículo foi completamente inventado. Para representá-lo, contrataram um ator charmoso que deu uma aula sobre "teoria dos jogos matemática aplicada à educação física". A aula não passava de um amontoado de bobagens sem sentido, repleta de frases de duplo sentido, contradições e neologismos. Mas o ator era bom e dizia essas coisas com clareza, confiança e autoridade.

A plateia, composta por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, adorou. Na hora de avaliá-lo, deu-lhe notas positivas, incluindo 100% de aprovação no quesito "estímulo ao pensamento".

Vídeos da aula do Dr. Fox foram exibidos a outros públicos, incluindo um formado por professores e administradores de cursos de pós-graduação. E o Dr. Fox recebeu excelentes notas de todas as audiências.

5. Mentirosos compulsivos

A honestidade, pelo menos, continua sendo um valor. A maioria das pessoas é honesta. Será? O psicólogo Robert Feldman gravou secretamente várias conversações entre duas pessoas em ambientes naturais (lojas, universidade etc.). Depois, as convidou a revisar o vídeo, apontando as "inexatidões" em que haviam incorrido. Detalhe importante, os participantes não sabiam que o pesquisador estava interessado em mentiras.

A conclusão básica de Feldman é que, no curso de uma conversação de meros dez minutos em que dois adultos se apresentam, eles mentem uma média de três vezes cada, podendo chegar a 12 nos casos mais extravagantes.

6. Eles estão loucos

Tudo bem que temos todos a tendência de mentir, de nos tornar torturadores e que a política e a educação podem não passar de uma fraude, mas pelo menos ainda conseguimos distinguir a sanidade da insanidade. Nem isso. Num célebre experimento de 1973, o psicólogo David Rosenhan e sete associados, todos sãos, apareceram em diferentes hospitais psiquiátricos queixando-se de estar ouvindo vozes. sete deles foram internados com o diagnóstico de esquizofrenia. O oitavo, segundo os médicos, sofria de psicose maníaco-depressiva (doença que hoje leva o nome de transtorno bipolar).

Uma vez internados, eles passaram a agir normalmente e de forma colaborativa, afirmando que as vozes tinham sumido. Mas sair era mais difícil do que entrar. A estadia média foi de 19 dias (variando de 7 a 52), durante os quais os pseudopacientes receberam drogas (no total, 2.100 pílulas, das quais apenas duas foram ingeridas).

A parte mais divertida, porém, é que, embora nenhum dos médicos e enfermeiros tenha notado que os pesquisadores não estavam doentes, 35 de um total de 118 pacientes perceberam. "Você não é louco. É jornalista ou professor", disse um dos internos.

E as coisas não acabam aqui. Ao tomar conhecimento de que Rosenhan preparava seu artigo, representantes de um hospital lhe escreveram dizendo que jamais cairiam num truque barato desses. Rosenhan aceitou a provocação e escreveu de volta propondo um desafio. Nos três meses seguintes, ele enviaria ao hospital um ou mais pseudopacientes, que a instituição deveria identificar como tal. Dos 193 pacientes admitidos no hospital no período, 41 foram classificados como impostores e 42 como possíveis fraudes. Só que Rosenhan blefara e não havia mandado nenhum pseudopaciente.
"Está claro que não conseguimos distinguir os sãos dos insanos em hospitais psiquiátricos", concluiu o pesquisador.

7. O gorila invisível

Já que o mundo que nos rodeia é insano, a solução é voltarmo-nos para dentro de nós mesmos. Complicado, porque nosso cérebro também nos prega peças. Um experimento seminal de 1999 conduzido pelos psicólogos Christopher Chabris e Daniel Simons traduz com muito bom humor o tamanho da encrenca. Eles fizeram um vídeo no qual seis pessoas (três vestindo camisetas brancas, e três, pretas) trocam passes com duas bolas de basquete. Participantes da pesquisa são instruídos a contar mentalmente os passes do pessoal de branco enquanto assistem ao vídeo. A uma dada altura, um sujeito fantasiado de gorila entra em cena, encara a câmara, bate no peito e se retira. Ele aparece na tela por 9 segundos.

Você o notaria? A esmagadora maioria das pessoas responde com um sonoro "sim". Como não perceber um gorila que fica em cena por quase 10 segundos? Mas não interessa muito o que imaginamos, o fato é que 50% das cobaias simplesmente não veem o símio, porque estão ocupadas contando. O experimento, que rendeu a seus autores o prêmio IgNobel de 2004, foi repetido com diferentes públicos em diferentes países com resultados sempre semelhantes.

A ideia básica é que, embora imaginemos que podemos enxergar tudo o que aparece à nossa frente, só temos consciência de uma pequena porção das coisas que estão em nosso campo visual. Em geral, vemos aquilo que o cérebro já espera encontrar.

8. Carteira escocesa

Talvez nossa boia seja a bondade alheia. Mas mesmo as boas intenções são moldadas por preferências irracionais. O psicólogo Richard Wiseman, da Universidade de Hertfordshire, resolveu espalhar 240 carteiras pelas ruas de Edimburgo. Elas não continham dinheiro, apenas documentos de identidade, cartões de fidelidade, bilhetes de rifa e fotografias pessoais. A única variação eram as fotos. Algumas das carteiras não tinham foto nenhuma (era o grupo controle) e outras traziam imagens que podiam ser de um casal de velhinhos, de uma família reunida, de um cachorrinho ou de um bebê.

A meta do experimento era descobrir se a fotografia afetaria a taxa de devolução das carteiras. Num mundo perfeitamente racional, a imagem seria irrelevante. Devolve-se o objeto perdido porque é a coisa certa a fazer. O trabalho de colocá-lo numa caixa de correio não é tão grande assim e é o que gostaríamos que os outros fizessem, caso fôssemos nós que tivéssemos perdido os documentos.

É claro, porém, que as fotografias influíram nos resultados. Foram devolvidas apenas 15% das carteiras sem foto, pouco mais de 25% das que traziam a imagem dos velhinhos, 48% das da família, 53% das do filhotinho e 88% das do bebê.

9. Libet

OK. Não podemos confiar em nenhuma instituição, pessoa, nem nos nossos sentidos e em partes de nosso cérebro, mas ainda temos o livre-arbítrio, não é mesmo? Provavelmente não. Num experimento seminal dos anos 80, Benjamin Libet, da Universidade da Califórnia, ligou seus alunos a aparelhos de eletroencefalograma e demonstrou que a atividade cerebral inconsciente que faz alguém mover o braço, por exemplo, precede em pelo menos meio segundo a "decisão consciente" de mexer o braço.

A partir daí, neurocientistas desenvolveram vários experimentos semelhantes, obtendo a corroboração dos resultados. Hoje são mais ou menos unânimes em afirmar que o livre-arbítrio não é mais do que uma ilusão, um efeito colateral de vários sistemas cerebrais ligados em rede, que nos leva sinceramente a crer que nossas decisões brotam da mente consciente. Pensando bem, isso talvez não seja um problema, pois há vários experimentos fortemente sugestivos de que também a consciência não passa de uma ilusão.

Fontes: "The Lucifer Effect", "Political Brain", "Future Babble", "The Moral Landscape", "The Believing Brain", "The Invisible Gorilla", "The Liar in Your Life", "Self Comes to Mind"

Deixo aberto para você, caríssimo aluno-leitor, a interpretar e opinar.
abraços

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

República Velha - Ordem e Progresso

Como eu havia prometido, chegamos na parte da História do Brasil que eu mais gosto e que para mim é realmente a mais legal de estudar. É lógico que Época Colonial e Imperial tem suas especificidades, seu valor, mas para mim, muitas coisas que estão vivas no Brasil atual são frutos direto das mudanças que aconteceram com o advento da Primeira República. Gostaria de montar um texto mais amplo aqui, mas está na hora do almoço e vou só deixar os slides.
Em tempo, este arquivo não é o original. Eu peguei de um outro blog cujo endereço vai aqui abaixo:
http://www.ailton.pro.br/aulas.html
Utilizei este arquivo e fiz umas pequenas incursões de textos e imagens. Façam bom proveito.
http://www.4shared.com/get/A8XYfWF2/REPUBLICA_VELHA.html
Abraços.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Textos do Hélio sobre política e democracia

Quarta feira intensa. Boas discussões sobre o direito a voto nos terceiros da manhã e da tarde no Sesc-São José. Como eu havia prometido aos alunos, eis aqui alguns textos interessantes do colunista Hélio Schwartsman, da [FALHA] folha de são paulo. (Sim, escrevi o nome deste jornaleco em minúsculo de propósito).
O Hélio e o Clóvis Rossi são os únicos colunistas que eu dou credibilidade nesse veículo de [des]informação.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/876779-a-democracia-e-para-todos.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/872997-ditadura-e-religiao.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/828536-o-papel-da-imprensa.shtml
Apesar da discussão ter acontecido nos terceiros anos, todos os que se interessam pelo tema podem e devem ler.

Em tempo, artigo recente discutindo a crise social na Europa.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18241&boletim_id=983&componente_id=15808
abraços

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Copel

A COPEL, quem quer privatizá-la?
http://www.cartacapital.com.br/politica/a-privatizacao-volta-a-pauta
Não sou eu. É você?
abraços

Liberal ou interventor?

Eis uma pergunta interessante. O que vocês mais jovens defendem? um Estado mais liberal ou mais interventor?
Respondam abaixo na parte do comentário
abraços

Cadeia para os engravatados criminosos

Este sistema judiciário brasileiro está é de sacanagem. O político Jaime Lerner foi considerado culpado pelo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA a três anos e seis meses de prisão, mas o juiz disse que a pena já prescreveu por que ele tem mais de 70 anos. Ou seja, nossos jovens leem isso e pensam "dá para roubar bem roubado, fazer manobras para se esconder das invetigações e chegar a velhice com direito a ser absolvido"
Isso só tem um nome: PALHAÇADA.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/958790-stj-mantem-condenacao-de-ex-governador-jaime-lerner.shtml
Os pequenos criminosos só deixarão de praticar crimes quando os grandes forem presos.
CADEIA PARA JAIME LERNER JÁ

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pré História

Salve Salve.
Pessoal dos primeiros anos do Colégio Estadual Heráclito Fontoura Sobral Pinto, estou postando aqui para vocês aqueles slides sobre pré-história que utilizamos na sala de aula. Recordem-se que também é preciso ter no caderno aquelas considerações sobre períodos Paleolítico e Neolítico que pedi.
abraços.
http://www.4shared.com/document/DCrqRPmq/Pr-histria.html

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Jean Baptiste Debret

Salve Pessoal. Antes de mais nada, aproveitem bem as férias. Vou passar uma dica legal para vocês, um programa fantástico para estes dias que vocês não terão de ir para a escola. Na Galeria da Caixa está rolando uma exposição de pinturas e gravuras de Jean Baptiste Debret, artista que esteve na missão francesa, "encomendada por D. João VI, quando este quis dar uma "europeizada" no Brasil. Debret viveu 15 anos nestas terras e pintou costumes, sociedade, hábitos, natureza, enfim, pintou o Brasil da primeira metade do século XIX. Eu mesmo devo ir fazer uma visita à galeira nos próximos dias. De repente, a gente se encontra lá.

Resumindo:
Exposição :

Debret - Viagem ao Sul do Brasil

Onde: Galeria da Caixa, Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro, Curitiba, CEP: 80060100 (próximo ao Teatro Guaíra)
Exposição: 06/07/2011 a 21/08/2011
Terça a Sábado: 10h às 21h
Domingo: 10h às 19h

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Os indignados

O Colunista Clóvis Rossi vem chamando de indignados todos aqueles que se opõem às opções políticas que se apresentam na nossa época, no nosso contexto. Analisando o caso do Peru, ele reflete algo que nós estamos constantemente falando em salas de aula, sobre a descrença nas lideranças políticas que vem se consolidando nos países democráticos. Vale a pena dar uma olhada
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/923936-peru-indignados-x-mal-amados.shtml
abraços

domingo, 29 de maio de 2011

Primeira Guerra Mundial

Salve salve moçada do Colégio Heráclito, Salve Salve moçada do SESC São José.
estou postando para vocês um arquivo de power point com conteúdo acerca da primeira guerra mundial. A moçada do Heráclito pode ir fazendo o download já, a moçado do SESC São José faz depois das férias de julho. Tão logo eu tenha tempo, vou colocar o link de novo com um texto sobre o conflito, envolvendo tecnologia, ciência, história, ficção científica e guerra
abraços para todos e boa semana
http://www.4shared.com/document/vrv12wKK/Primeira_Guerra_Mundial__1914-.html
Prof. André

sábado, 21 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Blog, blog, blog, blog

Manter este blog é uma atividade deveras complicada. Estou tendo que mudar a forma dos posts para agilizar o compartilhamento dos slides. Não está sobrando tempo para fazer textos específicos como os que fiz sobre grandes navegações, revoluções, entre outros. Confesso que isso me deixa triste, por que eu gostaria de ter condições de disponibilizar os arquivos em power point e trazer textos, vídeos entre outras coisas. Como isso não vem sendo possível pelo tempo reduzido que tenho, vou me concentrar em disponibilizar os slides na medida em que vou concluindo cada um deles. Pretendo em breve, colocar todos os que usei nos anos anteriores.
Abraços
OBS: vai ai o de Roma, com atraso, mas, independente das provas ou dos estudos sobre o tema já terem acontecido no bimestre anterior, o conteúdo poderá ser visto e revisto daqui para frente, sempre. Abraços
http://www.4shared.com/file/GtIpGYuF/Antiguidade_Clssica_-_Roma.html

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Europa e EUA no século XIX

Salve salve moçada.
Estou postando para vocês o arquivo de power point com as aulas sobre EUA e Europa no século XIX. É só um grande resumo. Para aprimorar seus estudos, o negócio mesmo é fazer pesquisas e ler livros. Um grande abraço.
http://www.4shared.com/file/LmkIo0-6/O_Sculo_XIX_-_Europa_e_EUA.html
Prof. André

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Civilização BIzantina e Islamismo

Moçada dos primeiros anos, tô mandando pelo 4Shared os slides para aulas sobre civilização bizantina e islamismo
http://www.4shared.com/document/aNqDLnLq/As_religies_surgidas_na_Idade_.html
abraços

Liberalismo, socialismo e anarquismo - slides

E ai, já decidiram se gostam de um Estado mais interventor ou menos interventor? Enquanto ainda pensam a respeito, acessem o link do 4shared para baixar os slides
http://www.4shared.com/document/YG2Vu3zS/Liberalismo_Socialismo_e_Anarq.html
Aquela discussão sobre os salários dos Deputados e Senadores brasileiros foi muito boa. O pessoal do 2º A e eu discutimos a possibilidade de criar o "blog dos indignados", só para ficar postando conteúdo que exija uma moralização do poder legislativo brasileiro. Entrando nesta onda, tô postando aqui também o link para o site do Senado e da Câmara, para vocês acompanharem o dia-a-dia dos nossos legisladores. É direito da sociedade exigir de seus representantes políticos que eles tomem ações para atender as demandas da sociedade. Se eles não atendem, é direito e dever da sociedade não permitir que eles se perpetuem. Pensem a respeito.
http://www.senado.gov.br/
http://www2.camara.gov.br/
abraços

quinta-feira, 28 de abril de 2011

liberalismo

Daê garotada, tudo beleza?
Desculpem minha longa ausência. Estive envolvido em correções e elaborações de provas, mas estou aqui para deixar um texto, sobretudo para a galera do segundo e terceiro ano. Durante anos, no século XX o mundo se polarizou entre socialistas e capitalistas. Desde o colapso do socialismo na Europa oriental e a Queda do Muro de Berlim não vemos mais tal polarização, mas se observarmos atentamente, no jogo político mundial há aqueles que defendem Estados menos interventores (liberais) e outros que defendem maior intervenção (liberais, mas nem tanto, a tal da social democracia).
Este texto de um colunista da Folha de São Paulo (jornal e colunista EXCESSIVAMENTE LIBERAIS) exprime a  contradição do liberalismo no Brasil. Um governo interventor (PT) acabou possibilitando o surgimento de novos profissionais liberais que fazem parte de uma nova elite econômica, não mais presa a tradições seculares que ainda existem no país. Apesar de eu não gostar do autor, o texto é bom.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/sergiomalbergier/908291-a-nova-classe-a-enche-o-saco.shtml
Divirtam-se
Abraços

domingo, 27 de março de 2011

Pedido de desculpas

Garotada que acompanha o Blog, estou aqui pedindo desculpas por deixá-los esperando novas informações. Estou no meio da correção de diversas atividades e elaborando várias provas. Tão logo eu termine tais atividades, volto a atualizar e a trazer novas informações. Desde já, obrigado.
Prof. andré

sexta-feira, 11 de março de 2011

Deus, Razão, terremoto e tsunami - Parte 02

1 – Marquês de Pombal: Iluminismo e as desavenças com o Clero.

Marquês de Pombal

            Marquês de Pombal é uma das figuras mais controversas da história portuguesa. Para muitos é tido com um reformador das estruturas políticas, pondo em práticas medidas próximas ao que defendiam os pensadores iluministas. Buscava um pragmatismo racional nas ações do Estado. Para outros é tido como um violento déspota, que utilizava o poder para perseguir seus opositores, inspirando o terror nos  seus adversários políticos. É por isso que ele é costumeiramente conhecido como um déspota esclarecido, nomenclatura usada normalmente para referir-se às formas de governo que existiram na Europa durante o século XVIII que mesclavam idéias iluministas com posições absolutistas.
            Pombal centralizou muitos poderes em suas mãos, o que de certa forma irritou muitos dos outros membros da nobreza portuguesa. Suas políticas assentadas na filosofia iluminista também não eram bem vistas pelo Clero. Se o terremoto de 1755 provocou alterações na vida política portuguesa, estas podem ser sentidas na ascensão de Pombal.
            Até a data do terremoto ele estava na posição de Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Passado o evento catástrofico, coube a Pombal liderar os esforços de reconstrução de Lisboa. Sua eficiência na resolução do problema alavancou sua carreira política, permitindo que este passasse anos depois para a função de Primeiro-ministro, sendo-lhe outorgado poderes que nenhum outro político desta posição tivera até então em Portugal.
            Adepto do Iluminsmo, Pombal passou a estimular o desenvolvimento de manufaturas. Impôs à nobreza portuguesa que esta passasse a respeitar as leis do Estado Português como qualquer cidadão, tirando-lhes privilégios. Criou companhias comerciais para que estas não sucumbissem diante da concorrência estrangeira, criando também monopólios estatais que prejudicaram produtores portugueses.
Com relação ao terremoto, Pombal pediu que estudiosos fossem à campo investigar, tentando encontrar informações acerca dos dias anteriores ao terremoto e ao tsunami, na busca de uma explicação com aspecto mais científico do evento sísmico. Muitos sismólogos afirmam que com Pombal começou uma era de estudos de atividades sísmicas que buscava entendê-las numa perspectiva metódica, tentando encontrar padrões para auxiliar na previsão de novos abalos.
            Em 1758 houve uma tentativa de assassinato do rei D. José I. Pombal perseguiu as famílias nobres implicadas no atentado, julgando-as e condenando-as. A Família de Távora, ligada a tentativa de regicídio possuia estreitas relações com a Companhia de Jesus (jesuítas). Anos após o terremoto o padre jesuita Gabriel Malagrida passaria a fazer pregações acerca da tragédia de Lisboa.
Pe. Gabriel Malagrida
            Para Pe. Malagrida, o terremoto era consequência de uma ação punitiva de Deus, que estaria insatisfeito com as mudanças dos costumes da população de Lisboa. Malagrida defendia uma reformulação destes costumes centrada numa submissão maior às regras divinas e da Igreja Católica. Nada anormal de se esperar de um padre católico do século XVIII. O problema é que seus panfletos em tons proféticos estavam endereçados ao todo poderoso Primeiro Ministro português, que meses antes havia mandado publicar panfletos sobre o terremoto, mostrando à população lisboeta explicações na forma científica que era possível na época, as razões e a origem do tremor.
            Pombal expulsou Malagrida de Lisboa, indo este morar em Setúbal, próximo da Família Távora, associada a tentativa de assassinato do Rei. Malagrida e os Távora tinham um inimigo comum. Não tardou para que Pombal os acusasse de conspiração contra o Rei, crime que em Portugal do século XVIII era punível com a morte.
            Ironicamente, Pombal, o estadista esclarecido pelas ideias iluministas, acusou Malagrida de falso profeta e herege, logo, inimigo da Igreja Católica. Suas acusações foram levadas ao Tribunal do Santo Ofício português (inquisição). Malagrida morreu em um auto-de-fé, queimado em uma fogueira, em praça pública.
Representação de um auto de fé
            Com o apoio do Rei, que considerava a Companhia de Jesus um poder externo atuando dentro do Estado Português, Pombal fez uma autêntica reforma religiosa, expulsando os jesuítas de todo o Império Português. Até então, a educação das elites estava nas mãos dos jesuítas, com Pombal ela passa a ser assunto de Estado. Pombal punha em prática uma política anti-clerical, algo que é costumeiramente associado ao Iluminismo, mas em contrapartida, proíbe a leitura dos autores iluministas franceses nas escolas e universidades portuguesas, por achar estes autores corruptores da religião e da moral.
            Com a morte do Rei em 1777, chegava também ao fim a presença de Pombal. A nova rainha, D. Maria I reitrou-lhe do cargo. Pombal morria em 1782, marcando profundamente a vida política portuguesa e seus desdobramentos coloniais.

Deus, Razão, terremoto e tsunami - Parte 01

            Estou simplesmente estarrecido. As imagens exibidas hoje mostrando os efeitos catastróficos do tsunami e do terremoto ocorridos no Japão me deixaram chocado. A cena que mais me deixou estupefato está no vídeo acima, por volta de 1 minuto e 35 segundos do vídeo. Os carros correndo em alta velocidade, buscando fugir da onda, que nitidamente viajava mais rápido que os veículos na pista. Fiquei imaginando a agonia do motorista cada vez que olhava para o retrovisor e via aquele verdadeiro monstro de águas correndo atrás dele.
             Levando em consideração que muitos dos alunos estão pesquisando sobre tragédias naturais, já havia alguns dias que eu estava preparando algo para disponibilizar para que lessem algo sobre o famoso terremoto e tsunami que assolou Portugal no século XVIII. Minha pretenção era postar após o carnaval. Não era minha intenção utilizar a tragédia japonesa como um evento que gerasse uma olhar sobre o passado, mas devido a tal acontecimento, acabei fazendo algumas alterações no texto e dividi ele em partes.
             Tragédias naturais são de fato imprevisíveis e de certa forma, parecidas com a história. Quando um evento histórico acontece, ou melhor ainda, quando um sucessão de eventos acontecem, os historiadores entram em ação logo que possível para buscar atribuir um sentido racional para tais eventos, tentando entendê-los numa dinâmica mais ampla. Por exemplo, em 1808 quando Dom João VI foge de Portugal para o Brasil, ninguém naquele ano jamais imaginaria que sua fuga provocaria uma sucessão de eventos que se fechariam com a Proclamação da Independência em 1822, mas os historiadores, anos depois fazem a "previsão do futuro de um passado". Eles olham para 1808 dizendo que ali as coisas começaram a andar rumo à Independência, em 1822.
             As tragédias naturais são explicadas posteriormente, quando seus analistas procuram explicar os fenômenos que as desencadearam. Ao olhar para a origem do problema, eles definem a sucessão de eventos dentro de uma linearidade racional, que se não resolvem o problema, tornam-no compreensível. Independente desta semelhança de abordagem, o fato é que um evento destas proporções gera inúmeras interpretações acerca do ocorrido e em cada uma delas é possível notar a presença dos valores, visões de mundo e mentalidades relativas à epoca dos eventos.
             Mas se de fato é possível pensarmos nesta questão numa perspectiva histórica, o que é que se mostra mais presente na nossa visão da tragédia japonesa que revela um padrão de visão de mundo tipicamente de nossa época? Antes de começarmos a pensar neste problema, verifiquemos as discussões acerca da tragédia portuguesa do século XVIII.
             Em primeiro de novembro de 1755 acontecia o maior terremoto que se tem notícia, ocorrido em um território Europeu. Lisboa, capital portuguesa, era assolada por um tremor de terra e um violento tsunami que mataria mais de cem mil pessoas. Aproximadamente as 09h30min da manhã do feriado de Todos os Santos, a população de Lisboa encontrava-se nas ruas, à caminho das igrejas e das celebrações do feriado santo. Na época ainda não havia formas de registrar a intensidade de um tremor de terra e nem a hoje famosa Escala Richter, mas sismólogos contemporâneos acreditam que este histórico tremor deva ter alcançado 9.0 na referida escala.
Terremoto e Tsunami em Lisboa - Gravura do século XVIII (fonte: wikipedia)
            Muitas mortes ocorreram dentro das igrejas, que caíram em função do tremor, atingindo aos fiéis católicos que se encontravam nas celebrações religiosas. Velas que se encontravam acesas nas casas e caíram durante o abalo sísmico incendiavam casas e prédios de madeira. Aqueles que estavam nas ruas durante o tremor correram apavorados para a zona portuária, temendo que os edifícios caíssem sobre eles. Estes foram atingidos por uma catástrofe igualmente avassaladora, o tsunami que se seguiu após o tremor.
A família real portuguesa escapara por pouco da tragédia. Coube ao então futuro primeiro ministro português, Marquês de Pombal, capitanear os esforços de reconstrução da cidade. Influenciado pelas idéias iluministas do século XVIII, o marquês buscou uma reconstrução pragmática da cidade, com praças maiores e ruas e avenidas mais largas e retas. Os portugueses tiveram os recursos necessários para tal reconstrução devido ao fato de que neste período do século XVIII havia um grande fluxo de ouro, da região das Minas Gerais, para Portugal.
A catástrofe teve profundo impacto na sociedade européia, amplificando-se e gerando discussões de caráter político (Marquês de Pombal e os Jesuítas), filosóficos, (a famosa discussão entre Voltaire e Rousseau) e científicos. Nos próximos posts vamos dar uma rápida atenção a cada um destes níveis.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Pompéia II

Esta sequência é bem legal também
http://www.youtube.com/watch?v=kaYjvs_DgcA&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=zzrvJo1mkSk&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=jyXheICyqkY&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=DrA4U5wKdDo

http://www.youtube.com/watch?v=idIjT-UVBM8&feature=related
É uma pena que está incompleto. Sem legendas até tem ele inteiro. Eu fico bravo por que não existe nada no Brasil, nenhum canal que se proponha a fazer uma série de programas e documentários com história do Brasil.

Este outro vídeo é legal, mostra o atual sítio arqueológico de Pompéia.
http://www.youtube.com/watch?v=rP5hpagWDzs&feature=related

Pompéia I

Olá pessoal dos Primeiros anos, sobretudos os primeiros do SESC São José.
Como sabem, faremos uma atividade focando história e desastres naturais. Estou postando uma sequência de vídeos bem legais produzidos pelo history channel, estudando o caso da Explosão do Vesúvio que destruiu Pompéia no século I d.C.
Divirtam-se

Parte 2 até a parte 5






quinta-feira, 3 de março de 2011

Guilhotina

Só para matar a curiosidade, dois videos bem legais sobre a guilhotina. No primeiro vídeo há um trecho sobre o coliseu romano, é só esperar que depois de uns minutos passa a explicação sobre a guilhotina.




Por que tanta atenção aos gregos?

            Recentemente eu li uma coleção de livros sobre história da ciência, os quais eu não consigo me recordar agora da referência, mas tão logo eu faça uma reorganização nos meus textos, deixarei esta informação. Uma das partes que mais me chamou a atenção foi a que se dirigia a tentar entender a formação de uma ciência na Antiga China. Do pouco que me lembro, havia um trecho que afirmava que a relação do homem chinês com o universo era uma relação que inseria em si a busca de um conhecimento sobre como este universo funcionava para que o homem pudesse viver de forma harmônica com ele, inserida nele. Recordo-me também da leitura de uma metáfora que afirmava a idéia de o universo como um cão e o ser humano como pulgas. Se as pulgas sugassem demais o cão, ele se coçaria, podendo atingi-las.
            Esta metáfora reforça a ideia de que o universo na visão do homem chinês não era para ser dominado, mas sim, haver uma interação equilibrada entre o homem, parte menor deste universo, e este “cosmos” do qual ele faz parte.
            A partir desta perspectiva, a busca pelo entendimento deste universo dar-se-ia no sentido de que entendê-lo tinha um propósito básico, que era estabelecer uma forma racional de se relacionar com ele, que não afetasse a existência do homem. Na perspectiva que o livro em questão me apresentou, os chineses antigos não buscavam controlar a natureza, e sim entendê-la, interpretá-la para se relacionar harmonicamente.
            Como podemos perceber, a tradição científica ocidental é completamente diferente da perspectiva dos chineses. Nossa ciência busca controlar as leis naturais e manipulá-las de forma a favorecer as necessidades humanas. Num exemplo bem simples, buscar entender o funcionamento da lei da gravitação universal não foi algo feito para que evitássemos as quedas. Entendendo como funcionam as quedas, pudemos ao longo do tempo desenvolver técnicas e saberes científicos que nos permitiram controlar o vôo. Com a energia certa, direcionada para uma ação certa, pudemos vencer a gravitação de forma que até de dentro do planeta já é possível sair.
            A antiga china é milenar, mas não possui relação direta com a formação da nossa ciência moderna. Se formos buscar no passado as origens da nossa ciência, fatalmente encontraremos esta origem nos antigos gregos. É correto afirmar que saberes que hoje julgamos serem técnicos e científicos existiram bem antes deles. Mesopotâmicos e egípcios criaram saberes para realizarem tarefas cotidianas e acabaram atingindo um grau de excelência ímpar na antiguidade. Mas ainda assim, certos conhecimentos destas civilizações possuíam relação intima e intrincada com as expressões religiosas típicas delas. Foram os gregos os primeiros a buscar uma sistematização dos saberem técnicos e científicos sem relacioná-los com o universo do mythos, procurando um sentindo racional (logos) nos fenômenos naturais.
            Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Pitágoras, entre outros pensadores pré-socráticos buscavam o entendimento acerca da natureza sem utilizar-se de recursos mitológicos ou atribuições divinas. Tales chegou a afirmar que terremotos aconteciam por causa de grandes ondas marítimas, uma vez que para ele a terra estava boiando no mar, ao invés da explicação mitológica que atribuía ao Deus Poseidon a origem para o fenômeno sísmico.
Tales de Mileto
            Por mais que a explicação de Tales esteja incorreta para os parâmetros científicos dos nossos dias, há nela uma separação evidente do universo mitológico. Mas não é apenas nisso que a construção da ciência grega se assemelha com a ciência contemporânea. Era comum que um determinado fenômeno fosse explicado dentro de diferentes perspectivas por cada um destes primeiros cientistas. A existência das diferentes explicações incitava a um debate, para buscar qual delas se aproximava mais da verdade.
Acrópole de Atenas - Principal polis da Grécia Clássica, berço da democracia grega
            Este embate de teorias e idéias só foi possível na Grécia em função do caráter político e social presente nas polis gregas, nas quais haviam espaços públicos destinados aos debates e assembléias que definiriam o rumo a ser seguido pelas polis. A busca por um caminho mais racional a ser seguido na administração das polis incluía também a busca por uma certeza científica que só poderia ser atingida com o uso do logos (raciocínio lógico) e um afastamento total do mythos (raciocínio mitológico/religioso).
            Durante a Idade Média a ciência grega passou por um período de ostracismo no ocidente, mas o que foi possível preservar foi salvo pelos árabes. No século XV tomou força a Filosofia Humanista, que entre vários aspectos, também buscou resgatar a forma como os gregos relacionavam-se com o cosmos e o entendimento que os gregos tinham do universo.

A Escola de Atenas - Raffael (pintura renascentista)

            No século XVI o filósofo francês René Descartes propunha no seu texto O discurso do Método uma forma racional de explicar o universo, amparada na matemática. No século seguinte Isaac Newton criava as primeiras leis da física moderna, afastando definitivamente a explicação dos fenômenos da perspectiva teocêntrica e religiosa medieval.

René Descartes

Sir Isaac Newton
          Além disso, Newton dava os primeiros passos para o surgimento da ciência moderna, que se caracteriza basicamente pelos seguintes aspectos: 1) Observação sistemática da natureza; 2) Buscar padrões nos fenômenos e racionalizá-los, buscando interpretá-los no sentido de formular leis naturais válidas universalmente; 3) Repetir as experiências para formular regras válidas, não se baseando apenas em um único acontecimento isolado.
            Nascia assim a ciência moderna, com ela um novo conjunto de saberes foi possível de ser formado. Há quem diga hoje que existe uma crise na ciência e nos seus paradigmas, mas isto é outra história, para outro momento.
            Há outras razões para afirmar a importância dos gregos para nossa época. Questões políticas, questões de gênero e sexualidade, questões culturais, questões filosóficas, questões estéticas. Todas elas são legítimas e por si só valem uma vida de pesquisas científicas em torno da história dos gregos. Neste pequeno texto eu quis externar minha relação de apreciação com a história da ciência, sobretudo da ciência grega.
            Se vocês tiverem interesse em dar uma olhada no desenvolvimento científico dos gregos, sugiro acessar o link ao lado: http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/cienciagrega.htm .
            Para todos os alunos, dos primeiros anos de todas as escolas que leciono e especificamente para os do terceiro ano do SESC- São José, clicando neste link http://www.4shared.com/file/iuP8V8ge/Antiguidade_Clssica_-_Grcia.html você estará  fazendo o download dos slides que utilizamos na sala de aula, para dar conta dos conteúdos dos livros didáticos e apostila.
            Para todos, um grande abraço.