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domingo, 27 de março de 2011

Pedido de desculpas

Garotada que acompanha o Blog, estou aqui pedindo desculpas por deixá-los esperando novas informações. Estou no meio da correção de diversas atividades e elaborando várias provas. Tão logo eu termine tais atividades, volto a atualizar e a trazer novas informações. Desde já, obrigado.
Prof. andré

sexta-feira, 11 de março de 2011

Deus, Razão, terremoto e tsunami - Parte 02

1 – Marquês de Pombal: Iluminismo e as desavenças com o Clero.

Marquês de Pombal

            Marquês de Pombal é uma das figuras mais controversas da história portuguesa. Para muitos é tido com um reformador das estruturas políticas, pondo em práticas medidas próximas ao que defendiam os pensadores iluministas. Buscava um pragmatismo racional nas ações do Estado. Para outros é tido como um violento déspota, que utilizava o poder para perseguir seus opositores, inspirando o terror nos  seus adversários políticos. É por isso que ele é costumeiramente conhecido como um déspota esclarecido, nomenclatura usada normalmente para referir-se às formas de governo que existiram na Europa durante o século XVIII que mesclavam idéias iluministas com posições absolutistas.
            Pombal centralizou muitos poderes em suas mãos, o que de certa forma irritou muitos dos outros membros da nobreza portuguesa. Suas políticas assentadas na filosofia iluminista também não eram bem vistas pelo Clero. Se o terremoto de 1755 provocou alterações na vida política portuguesa, estas podem ser sentidas na ascensão de Pombal.
            Até a data do terremoto ele estava na posição de Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Passado o evento catástrofico, coube a Pombal liderar os esforços de reconstrução de Lisboa. Sua eficiência na resolução do problema alavancou sua carreira política, permitindo que este passasse anos depois para a função de Primeiro-ministro, sendo-lhe outorgado poderes que nenhum outro político desta posição tivera até então em Portugal.
            Adepto do Iluminsmo, Pombal passou a estimular o desenvolvimento de manufaturas. Impôs à nobreza portuguesa que esta passasse a respeitar as leis do Estado Português como qualquer cidadão, tirando-lhes privilégios. Criou companhias comerciais para que estas não sucumbissem diante da concorrência estrangeira, criando também monopólios estatais que prejudicaram produtores portugueses.
Com relação ao terremoto, Pombal pediu que estudiosos fossem à campo investigar, tentando encontrar informações acerca dos dias anteriores ao terremoto e ao tsunami, na busca de uma explicação com aspecto mais científico do evento sísmico. Muitos sismólogos afirmam que com Pombal começou uma era de estudos de atividades sísmicas que buscava entendê-las numa perspectiva metódica, tentando encontrar padrões para auxiliar na previsão de novos abalos.
            Em 1758 houve uma tentativa de assassinato do rei D. José I. Pombal perseguiu as famílias nobres implicadas no atentado, julgando-as e condenando-as. A Família de Távora, ligada a tentativa de regicídio possuia estreitas relações com a Companhia de Jesus (jesuítas). Anos após o terremoto o padre jesuita Gabriel Malagrida passaria a fazer pregações acerca da tragédia de Lisboa.
Pe. Gabriel Malagrida
            Para Pe. Malagrida, o terremoto era consequência de uma ação punitiva de Deus, que estaria insatisfeito com as mudanças dos costumes da população de Lisboa. Malagrida defendia uma reformulação destes costumes centrada numa submissão maior às regras divinas e da Igreja Católica. Nada anormal de se esperar de um padre católico do século XVIII. O problema é que seus panfletos em tons proféticos estavam endereçados ao todo poderoso Primeiro Ministro português, que meses antes havia mandado publicar panfletos sobre o terremoto, mostrando à população lisboeta explicações na forma científica que era possível na época, as razões e a origem do tremor.
            Pombal expulsou Malagrida de Lisboa, indo este morar em Setúbal, próximo da Família Távora, associada a tentativa de assassinato do Rei. Malagrida e os Távora tinham um inimigo comum. Não tardou para que Pombal os acusasse de conspiração contra o Rei, crime que em Portugal do século XVIII era punível com a morte.
            Ironicamente, Pombal, o estadista esclarecido pelas ideias iluministas, acusou Malagrida de falso profeta e herege, logo, inimigo da Igreja Católica. Suas acusações foram levadas ao Tribunal do Santo Ofício português (inquisição). Malagrida morreu em um auto-de-fé, queimado em uma fogueira, em praça pública.
Representação de um auto de fé
            Com o apoio do Rei, que considerava a Companhia de Jesus um poder externo atuando dentro do Estado Português, Pombal fez uma autêntica reforma religiosa, expulsando os jesuítas de todo o Império Português. Até então, a educação das elites estava nas mãos dos jesuítas, com Pombal ela passa a ser assunto de Estado. Pombal punha em prática uma política anti-clerical, algo que é costumeiramente associado ao Iluminismo, mas em contrapartida, proíbe a leitura dos autores iluministas franceses nas escolas e universidades portuguesas, por achar estes autores corruptores da religião e da moral.
            Com a morte do Rei em 1777, chegava também ao fim a presença de Pombal. A nova rainha, D. Maria I reitrou-lhe do cargo. Pombal morria em 1782, marcando profundamente a vida política portuguesa e seus desdobramentos coloniais.

Deus, Razão, terremoto e tsunami - Parte 01

            Estou simplesmente estarrecido. As imagens exibidas hoje mostrando os efeitos catastróficos do tsunami e do terremoto ocorridos no Japão me deixaram chocado. A cena que mais me deixou estupefato está no vídeo acima, por volta de 1 minuto e 35 segundos do vídeo. Os carros correndo em alta velocidade, buscando fugir da onda, que nitidamente viajava mais rápido que os veículos na pista. Fiquei imaginando a agonia do motorista cada vez que olhava para o retrovisor e via aquele verdadeiro monstro de águas correndo atrás dele.
             Levando em consideração que muitos dos alunos estão pesquisando sobre tragédias naturais, já havia alguns dias que eu estava preparando algo para disponibilizar para que lessem algo sobre o famoso terremoto e tsunami que assolou Portugal no século XVIII. Minha pretenção era postar após o carnaval. Não era minha intenção utilizar a tragédia japonesa como um evento que gerasse uma olhar sobre o passado, mas devido a tal acontecimento, acabei fazendo algumas alterações no texto e dividi ele em partes.
             Tragédias naturais são de fato imprevisíveis e de certa forma, parecidas com a história. Quando um evento histórico acontece, ou melhor ainda, quando um sucessão de eventos acontecem, os historiadores entram em ação logo que possível para buscar atribuir um sentido racional para tais eventos, tentando entendê-los numa dinâmica mais ampla. Por exemplo, em 1808 quando Dom João VI foge de Portugal para o Brasil, ninguém naquele ano jamais imaginaria que sua fuga provocaria uma sucessão de eventos que se fechariam com a Proclamação da Independência em 1822, mas os historiadores, anos depois fazem a "previsão do futuro de um passado". Eles olham para 1808 dizendo que ali as coisas começaram a andar rumo à Independência, em 1822.
             As tragédias naturais são explicadas posteriormente, quando seus analistas procuram explicar os fenômenos que as desencadearam. Ao olhar para a origem do problema, eles definem a sucessão de eventos dentro de uma linearidade racional, que se não resolvem o problema, tornam-no compreensível. Independente desta semelhança de abordagem, o fato é que um evento destas proporções gera inúmeras interpretações acerca do ocorrido e em cada uma delas é possível notar a presença dos valores, visões de mundo e mentalidades relativas à epoca dos eventos.
             Mas se de fato é possível pensarmos nesta questão numa perspectiva histórica, o que é que se mostra mais presente na nossa visão da tragédia japonesa que revela um padrão de visão de mundo tipicamente de nossa época? Antes de começarmos a pensar neste problema, verifiquemos as discussões acerca da tragédia portuguesa do século XVIII.
             Em primeiro de novembro de 1755 acontecia o maior terremoto que se tem notícia, ocorrido em um território Europeu. Lisboa, capital portuguesa, era assolada por um tremor de terra e um violento tsunami que mataria mais de cem mil pessoas. Aproximadamente as 09h30min da manhã do feriado de Todos os Santos, a população de Lisboa encontrava-se nas ruas, à caminho das igrejas e das celebrações do feriado santo. Na época ainda não havia formas de registrar a intensidade de um tremor de terra e nem a hoje famosa Escala Richter, mas sismólogos contemporâneos acreditam que este histórico tremor deva ter alcançado 9.0 na referida escala.
Terremoto e Tsunami em Lisboa - Gravura do século XVIII (fonte: wikipedia)
            Muitas mortes ocorreram dentro das igrejas, que caíram em função do tremor, atingindo aos fiéis católicos que se encontravam nas celebrações religiosas. Velas que se encontravam acesas nas casas e caíram durante o abalo sísmico incendiavam casas e prédios de madeira. Aqueles que estavam nas ruas durante o tremor correram apavorados para a zona portuária, temendo que os edifícios caíssem sobre eles. Estes foram atingidos por uma catástrofe igualmente avassaladora, o tsunami que se seguiu após o tremor.
A família real portuguesa escapara por pouco da tragédia. Coube ao então futuro primeiro ministro português, Marquês de Pombal, capitanear os esforços de reconstrução da cidade. Influenciado pelas idéias iluministas do século XVIII, o marquês buscou uma reconstrução pragmática da cidade, com praças maiores e ruas e avenidas mais largas e retas. Os portugueses tiveram os recursos necessários para tal reconstrução devido ao fato de que neste período do século XVIII havia um grande fluxo de ouro, da região das Minas Gerais, para Portugal.
A catástrofe teve profundo impacto na sociedade européia, amplificando-se e gerando discussões de caráter político (Marquês de Pombal e os Jesuítas), filosóficos, (a famosa discussão entre Voltaire e Rousseau) e científicos. Nos próximos posts vamos dar uma rápida atenção a cada um destes níveis.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Pompéia II

Esta sequência é bem legal também
http://www.youtube.com/watch?v=kaYjvs_DgcA&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=zzrvJo1mkSk&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=jyXheICyqkY&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=DrA4U5wKdDo

http://www.youtube.com/watch?v=idIjT-UVBM8&feature=related
É uma pena que está incompleto. Sem legendas até tem ele inteiro. Eu fico bravo por que não existe nada no Brasil, nenhum canal que se proponha a fazer uma série de programas e documentários com história do Brasil.

Este outro vídeo é legal, mostra o atual sítio arqueológico de Pompéia.
http://www.youtube.com/watch?v=rP5hpagWDzs&feature=related

Pompéia I

Olá pessoal dos Primeiros anos, sobretudos os primeiros do SESC São José.
Como sabem, faremos uma atividade focando história e desastres naturais. Estou postando uma sequência de vídeos bem legais produzidos pelo history channel, estudando o caso da Explosão do Vesúvio que destruiu Pompéia no século I d.C.
Divirtam-se

Parte 2 até a parte 5






quinta-feira, 3 de março de 2011

Guilhotina

Só para matar a curiosidade, dois videos bem legais sobre a guilhotina. No primeiro vídeo há um trecho sobre o coliseu romano, é só esperar que depois de uns minutos passa a explicação sobre a guilhotina.




Por que tanta atenção aos gregos?

            Recentemente eu li uma coleção de livros sobre história da ciência, os quais eu não consigo me recordar agora da referência, mas tão logo eu faça uma reorganização nos meus textos, deixarei esta informação. Uma das partes que mais me chamou a atenção foi a que se dirigia a tentar entender a formação de uma ciência na Antiga China. Do pouco que me lembro, havia um trecho que afirmava que a relação do homem chinês com o universo era uma relação que inseria em si a busca de um conhecimento sobre como este universo funcionava para que o homem pudesse viver de forma harmônica com ele, inserida nele. Recordo-me também da leitura de uma metáfora que afirmava a idéia de o universo como um cão e o ser humano como pulgas. Se as pulgas sugassem demais o cão, ele se coçaria, podendo atingi-las.
            Esta metáfora reforça a ideia de que o universo na visão do homem chinês não era para ser dominado, mas sim, haver uma interação equilibrada entre o homem, parte menor deste universo, e este “cosmos” do qual ele faz parte.
            A partir desta perspectiva, a busca pelo entendimento deste universo dar-se-ia no sentido de que entendê-lo tinha um propósito básico, que era estabelecer uma forma racional de se relacionar com ele, que não afetasse a existência do homem. Na perspectiva que o livro em questão me apresentou, os chineses antigos não buscavam controlar a natureza, e sim entendê-la, interpretá-la para se relacionar harmonicamente.
            Como podemos perceber, a tradição científica ocidental é completamente diferente da perspectiva dos chineses. Nossa ciência busca controlar as leis naturais e manipulá-las de forma a favorecer as necessidades humanas. Num exemplo bem simples, buscar entender o funcionamento da lei da gravitação universal não foi algo feito para que evitássemos as quedas. Entendendo como funcionam as quedas, pudemos ao longo do tempo desenvolver técnicas e saberes científicos que nos permitiram controlar o vôo. Com a energia certa, direcionada para uma ação certa, pudemos vencer a gravitação de forma que até de dentro do planeta já é possível sair.
            A antiga china é milenar, mas não possui relação direta com a formação da nossa ciência moderna. Se formos buscar no passado as origens da nossa ciência, fatalmente encontraremos esta origem nos antigos gregos. É correto afirmar que saberes que hoje julgamos serem técnicos e científicos existiram bem antes deles. Mesopotâmicos e egípcios criaram saberes para realizarem tarefas cotidianas e acabaram atingindo um grau de excelência ímpar na antiguidade. Mas ainda assim, certos conhecimentos destas civilizações possuíam relação intima e intrincada com as expressões religiosas típicas delas. Foram os gregos os primeiros a buscar uma sistematização dos saberem técnicos e científicos sem relacioná-los com o universo do mythos, procurando um sentindo racional (logos) nos fenômenos naturais.
            Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Pitágoras, entre outros pensadores pré-socráticos buscavam o entendimento acerca da natureza sem utilizar-se de recursos mitológicos ou atribuições divinas. Tales chegou a afirmar que terremotos aconteciam por causa de grandes ondas marítimas, uma vez que para ele a terra estava boiando no mar, ao invés da explicação mitológica que atribuía ao Deus Poseidon a origem para o fenômeno sísmico.
Tales de Mileto
            Por mais que a explicação de Tales esteja incorreta para os parâmetros científicos dos nossos dias, há nela uma separação evidente do universo mitológico. Mas não é apenas nisso que a construção da ciência grega se assemelha com a ciência contemporânea. Era comum que um determinado fenômeno fosse explicado dentro de diferentes perspectivas por cada um destes primeiros cientistas. A existência das diferentes explicações incitava a um debate, para buscar qual delas se aproximava mais da verdade.
Acrópole de Atenas - Principal polis da Grécia Clássica, berço da democracia grega
            Este embate de teorias e idéias só foi possível na Grécia em função do caráter político e social presente nas polis gregas, nas quais haviam espaços públicos destinados aos debates e assembléias que definiriam o rumo a ser seguido pelas polis. A busca por um caminho mais racional a ser seguido na administração das polis incluía também a busca por uma certeza científica que só poderia ser atingida com o uso do logos (raciocínio lógico) e um afastamento total do mythos (raciocínio mitológico/religioso).
            Durante a Idade Média a ciência grega passou por um período de ostracismo no ocidente, mas o que foi possível preservar foi salvo pelos árabes. No século XV tomou força a Filosofia Humanista, que entre vários aspectos, também buscou resgatar a forma como os gregos relacionavam-se com o cosmos e o entendimento que os gregos tinham do universo.

A Escola de Atenas - Raffael (pintura renascentista)

            No século XVI o filósofo francês René Descartes propunha no seu texto O discurso do Método uma forma racional de explicar o universo, amparada na matemática. No século seguinte Isaac Newton criava as primeiras leis da física moderna, afastando definitivamente a explicação dos fenômenos da perspectiva teocêntrica e religiosa medieval.

René Descartes

Sir Isaac Newton
          Além disso, Newton dava os primeiros passos para o surgimento da ciência moderna, que se caracteriza basicamente pelos seguintes aspectos: 1) Observação sistemática da natureza; 2) Buscar padrões nos fenômenos e racionalizá-los, buscando interpretá-los no sentido de formular leis naturais válidas universalmente; 3) Repetir as experiências para formular regras válidas, não se baseando apenas em um único acontecimento isolado.
            Nascia assim a ciência moderna, com ela um novo conjunto de saberes foi possível de ser formado. Há quem diga hoje que existe uma crise na ciência e nos seus paradigmas, mas isto é outra história, para outro momento.
            Há outras razões para afirmar a importância dos gregos para nossa época. Questões políticas, questões de gênero e sexualidade, questões culturais, questões filosóficas, questões estéticas. Todas elas são legítimas e por si só valem uma vida de pesquisas científicas em torno da história dos gregos. Neste pequeno texto eu quis externar minha relação de apreciação com a história da ciência, sobretudo da ciência grega.
            Se vocês tiverem interesse em dar uma olhada no desenvolvimento científico dos gregos, sugiro acessar o link ao lado: http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/cienciagrega.htm .
            Para todos os alunos, dos primeiros anos de todas as escolas que leciono e especificamente para os do terceiro ano do SESC- São José, clicando neste link http://www.4shared.com/file/iuP8V8ge/Antiguidade_Clssica_-_Grcia.html você estará  fazendo o download dos slides que utilizamos na sala de aula, para dar conta dos conteúdos dos livros didáticos e apostila.
            Para todos, um grande abraço.