Estou simplesmente estarrecido. As imagens exibidas hoje mostrando os efeitos catastróficos do tsunami e do terremoto ocorridos no Japão me deixaram chocado. A cena que mais me deixou estupefato está no vídeo acima, por volta de 1 minuto e 35 segundos do vídeo. Os carros correndo em alta velocidade, buscando fugir da onda, que nitidamente viajava mais rápido que os veículos na pista. Fiquei imaginando a agonia do motorista cada vez que olhava para o retrovisor e via aquele verdadeiro monstro de águas correndo atrás dele.
Levando em consideração que muitos dos alunos estão pesquisando sobre tragédias naturais, já havia alguns dias que eu estava preparando algo para disponibilizar para que lessem algo sobre o famoso terremoto e tsunami que assolou Portugal no século XVIII. Minha pretenção era postar após o carnaval. Não era minha intenção utilizar a tragédia japonesa como um evento que gerasse uma olhar sobre o passado, mas devido a tal acontecimento, acabei fazendo algumas alterações no texto e dividi ele em partes.
Tragédias naturais são de fato imprevisíveis e de certa forma, parecidas com a história. Quando um evento histórico acontece, ou melhor ainda, quando um sucessão de eventos acontecem, os historiadores entram em ação logo que possível para buscar atribuir um sentido racional para tais eventos, tentando entendê-los numa dinâmica mais ampla. Por exemplo, em 1808 quando Dom João VI foge de Portugal para o Brasil, ninguém naquele ano jamais imaginaria que sua fuga provocaria uma sucessão de eventos que se fechariam com a Proclamação da Independência em 1822, mas os historiadores, anos depois fazem a "previsão do futuro de um passado". Eles olham para 1808 dizendo que ali as coisas começaram a andar rumo à Independência, em 1822.
Tragédias naturais são de fato imprevisíveis e de certa forma, parecidas com a história. Quando um evento histórico acontece, ou melhor ainda, quando um sucessão de eventos acontecem, os historiadores entram em ação logo que possível para buscar atribuir um sentido racional para tais eventos, tentando entendê-los numa dinâmica mais ampla. Por exemplo, em 1808 quando Dom João VI foge de Portugal para o Brasil, ninguém naquele ano jamais imaginaria que sua fuga provocaria uma sucessão de eventos que se fechariam com a Proclamação da Independência em 1822, mas os historiadores, anos depois fazem a "previsão do futuro de um passado". Eles olham para 1808 dizendo que ali as coisas começaram a andar rumo à Independência, em 1822.
As tragédias naturais são explicadas posteriormente, quando seus analistas procuram explicar os fenômenos que as desencadearam. Ao olhar para a origem do problema, eles definem a sucessão de eventos dentro de uma linearidade racional, que se não resolvem o problema, tornam-no compreensível. Independente desta semelhança de abordagem, o fato é que um evento destas proporções gera inúmeras interpretações acerca do ocorrido e em cada uma delas é possível notar a presença dos valores, visões de mundo e mentalidades relativas à epoca dos eventos.
Mas se de fato é possível pensarmos nesta questão numa perspectiva histórica, o que é que se mostra mais presente na nossa visão da tragédia japonesa que revela um padrão de visão de mundo tipicamente de nossa época? Antes de começarmos a pensar neste problema, verifiquemos as discussões acerca da tragédia portuguesa do século XVIII.
Mas se de fato é possível pensarmos nesta questão numa perspectiva histórica, o que é que se mostra mais presente na nossa visão da tragédia japonesa que revela um padrão de visão de mundo tipicamente de nossa época? Antes de começarmos a pensar neste problema, verifiquemos as discussões acerca da tragédia portuguesa do século XVIII.
Em primeiro de novembro de 1755 acontecia o maior terremoto que se tem notícia, ocorrido em um território Europeu. Lisboa, capital portuguesa, era assolada por um tremor de terra e um violento tsunami que mataria mais de cem mil pessoas. Aproximadamente as 09h30min da manhã do feriado de Todos os Santos, a população de Lisboa encontrava-se nas ruas, à caminho das igrejas e das celebrações do feriado santo. Na época ainda não havia formas de registrar a intensidade de um tremor de terra e nem a hoje famosa Escala Richter, mas sismólogos contemporâneos acreditam que este histórico tremor deva ter alcançado 9.0 na referida escala.
Terremoto e Tsunami em Lisboa - Gravura do século XVIII (fonte: wikipedia) |
Muitas mortes ocorreram dentro das igrejas, que caíram em função do tremor, atingindo aos fiéis católicos que se encontravam nas celebrações religiosas. Velas que se encontravam acesas nas casas e caíram durante o abalo sísmico incendiavam casas e prédios de madeira. Aqueles que estavam nas ruas durante o tremor correram apavorados para a zona portuária, temendo que os edifícios caíssem sobre eles. Estes foram atingidos por uma catástrofe igualmente avassaladora, o tsunami que se seguiu após o tremor.
A família real portuguesa escapara por pouco da tragédia. Coube ao então futuro primeiro ministro português, Marquês de Pombal, capitanear os esforços de reconstrução da cidade. Influenciado pelas idéias iluministas do século XVIII, o marquês buscou uma reconstrução pragmática da cidade, com praças maiores e ruas e avenidas mais largas e retas. Os portugueses tiveram os recursos necessários para tal reconstrução devido ao fato de que neste período do século XVIII havia um grande fluxo de ouro, da região das Minas Gerais, para Portugal.
A catástrofe teve profundo impacto na sociedade européia, amplificando-se e gerando discussões de caráter político (Marquês de Pombal e os Jesuítas), filosóficos, (a famosa discussão entre Voltaire e Rousseau) e científicos. Nos próximos posts vamos dar uma rápida atenção a cada um destes níveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário