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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Revoluções - considerações sobre Egito e França

          

          





            Apesar deste blog destinar-se a todos os alunos, "dedico" este post aos alunos de segundos e terceiros anos.
Se formos buscar no dicionário o significado da palavra revolução, fatalmente encontraremos na definição algo próximo da expressão “transformação expressiva no poder e nas relações sociais”. Este ano de 2011 começou com uma revolução. Em apenas dezoito dias a população do Egito tirou do poder uma ditadura de trinta anos.
Confesso que isso me deixou espantado. Achei tudo muito rápido. Aliás, é bem provável que no futuro os historiadores recorram aos registros que nós deixamos sobre nossa época para estudar a percepção que estamos tendo das mudanças que vivenciamos. Na minha posição de um jovem senhor de trinta anos, confesso que acho estranho a velocidade com a qual as coisas estão mudando. Mas as novas gerações já estão “adaptadas” a este mundo de mudança; elas nasceram em um mundo veloz.

Eu fico pensando a impressão que a revolução francesa provocou naqueles que em 1789 já tinham vivido seus quarenta, cinquenta anos. Ver o mundo do absolutismo ruindo, algo que parecia tão sólido, deve ter sido extremamente impactante.
Comparações e analogias são terrenos complicados para os historiadores ou quaisquer estudantes de história pisar. Toda vez que fazemos um estudo comparativo entre dois eventos distantes no tempo corremos o sério risco de atribuir ou de exigir de algum deles uma característica que ele jamais poderia possuir.
Peço passagem para fazer uma breve análise comparativa entre as revoluções dos franceses e dos egípcios. A primeira, segundo a maioria absoluta dos historiadores começou em 1789, com a Assembleia dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e terminou em 1799, com o Golpe do 18 Brumário (ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder). A dos egípcios durou apenas dezoito dias.
A Revolução Francesa inaugurou a Idade Contemporânea e praticamente todos os preceitos básicos das atuais democracias. As noções que todo povo tem direito legítimo de escolher a forma como quer ser governado, originária da filosofia iluminista, acendeu os ânimos da população francesa a ponto de coloca-la nas ruas e depor o regime despótico de Luiz XVI. 
A população egípcia padecia da doença da espiral inflacionária, da epidemia do desemprego, da fome, da falta de perspectiva e da ausência daquilo que era para os iluministas do século XVIII um direito sagrado do ser humano: liberdade de expressão. Tanto sofrimento assim poderia matar de fome a alma de um povo, mas ao contrário, serviu de alimento que fortalecia as vozes que gritavam abaixo à ditadura de Mubarak, exigindo Democracia.
A divulgação dos ideais revolucionários iluministas para a população francesa se deu através de jornais revolucionários como o de Jean Paul Marat, médico e jornalista que tinha uma linha de crítica ao absolutismo radical. Frases como “mate um nobre ou um membro do clero e sua fome chegará ao fim” eram comuns nos folhetins da época. Mas a imensa maioria da população francesa era analfabeta. Como atingir esta população e incitá-la à Revolução? As gravuras fazendo críticas ao regime social e acirrando os ânimos do Terceiro Estado eram também convites à atitude revolucionária.
            O caso egípcio é emblemático, pois está associado a uma revolução maior ainda, a qual nós estamos assistindo neste começo de século: Uma autêntica revolução nas comunicações. O governo egípcio chegou a bloquear o acesso à internet. Parte da revolução foi organizada pelo Facebook. Através do site de relacionamentos surgiam os convites a formar passeatas e protestos, um evento típico da era digital, os chamados flash mobs.
            Traduzindo literalmente para o português esta expressão significaria “motim relâmpago”. É muito comum em grandes cidades. Eu já cheguei a sair de casa para ver um destes. As pessoas combinaram por twitter, facebook e Orkut que, num determinado dia, local e hora, todos deveriam se encontrar vestidos de zumbis. Já vi notícias de flash mobs nos quais as pessoas combinavam de se encontrar vestidos todos de uma determinada cor e fazer um determinado grito de guerra.
            A Revolução Francesa tomou um rumo curioso após a ascensão de Napoleão. Sua atitude militar expansionista acabou acelerando o processo de desintegração do Antigo Regime. Em cada país que invadia, Napoleão destruía os pilares do absolutismo. Após as guerras napoleônicas, o mundo já não era mais o mesmo. A partir de então, as relações sociais típicas do Antigo Regime, as Relações Senhorias tipicamente feudais deixavam de existir em praticamente toda a Europa. O “povo” começou a ser um agente ativo na “história”, tomando parte das grandes decisões, segundo alguns historiadores franceses do século XIX.
            Após o fim de uma ditadura na Tunísia e no Egito, as pessoas do mundo estão de olho em todas as ditaduras que existem nos países árabes. Questiona-se se o que existirá depois disso será de fato uma democracia inspirada nos moldes ocidentais ou se o modelo político a ser adotado por estas nações será uma teocracia nos moldes do Irã. O que há de comum em ambos os processos revolucionários?



Legendas em francês traduzidas como: 1) Estados membros da Liga Árabe; 2) Estados Muçulmanos e 3) Forte minoria muçulmana.
  
            Arrisco-me a dizer que acima de qualquer juízo de valor inerente aos temas, a vontade das pessoas de melhorarem suas condições e de poderem se expressar é o motivo base que as inspiram a lutar para buscar uma mudança, uma transformação. Os caminhos que os povos utilizam para atingir tais objetivos são vários, tal como foram várias as revoluções sociais que aconteceram após a revolução dos franceses. Ao final de todo este processo, creio piamente que cabe a todos nós, a toda humanidade, torcer por um desfecho pacífico, harmonioso e democrático nas nações islâmicas. A noção de que todos os povos possuem o direito de sua autodeterminação, forjada no Iluminismo, ainda goza de prestígio em todos os círculos intelectuais da sociedade. Após a criação desta ideia, veio com ela um caráter universalizante e progressista, que, mesmo que tenha suas limitações, ainda é dominante no nosso pensamento enquanto sociedade.

         Bem, após este longo post, vai aqui uma sequência de vídeos sobre a Revolução Francesa, direto do youtube. É para mim o melhor documentário feito pelo History Channel que eu já vi. Toda vez que revejo, e já revi muitas vezes, fico encantado e impressionado. Só seria uma experiência melhor se eu tivesse estado lá. Aliás, há no orkut uma comunidade bem engraçada chamada "Revolução Francesa: eu fui!". Se vocês clicarem neste link http://www.4shared.com/file/hfDwrS58/revoluo_Francesa.html, estarão fazendo download do slide que utilizaremos na aula sobre revolução francesa.
 Enfim pessoal, até a próxima.
http://www.youtube.com/watch?v=Rrad8CJOwmc
http://www.youtube.com/watch?v=FSbI2ie5zI8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=0MCMXWuUtPo&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=l0xNBCOemeQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=rI6H43p4NPI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=laCrjbsGLL4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=r3BLb7I67Zw&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=rh_AJJiaM2U&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=8M8vQCe97fM&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=H55fHuab_Y0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=mo9V9iCwmoM&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=5l9mkpUPEvk&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=tFmlJiyPdu4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=a1lG2q2U9OA&feature=related

8 comentários:

  1. Adorei o post,vai ajudar muito no esclarecimento da materia.
    Bjokas prof°

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  2. Prof° não esta dando para visualizar o slide!!!!

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  3. Professor uma dúvida surgiu enquanto via o documentário. a família real passou 2 anos em Paris ?? Obr5igadaa

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  4. eles ficaram um tempo "preso" sim, durante as aulas dá a impressão que foi algo instantâneo, mas levou um tempo.

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  5. huum obg professor por tirar a minha duvida !!

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  6. Professor, videos otimos. Realmente quando começamos e ver nao da mais pra parar, suas explicaçoes sao otimas, mais vendo mais ou menos como aconteceu da pra praticamente entrar na revoluçao.
    To amando Revoluçao Francesa.

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