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terça-feira, 23 de março de 2021

O Tribunal da Covid

    Caros leitores, é bom lembrar que passaremos por tudo isso. Muitos já tombaram nessa luta e muitos ainda tombarão, mas não há mal que seja eterno nem bem que dure para sempre. O fato é que teremos de ser rigorosos, severos, justos e ativos quando esse descalabro acabar.

    Quando tudo isso acabar e os padrões civilizatórios forem restaurados, vai ser nosso dever trazer a justiça e a punição para cada liderança mórbida, sórdida que nos colocou nesse risco, de forma irresponsável, custando a vida de muitos daqueles que amamos.

    É preciso desde já nos prepararmos para as lutas que teremos no processo de restauração do pacto civilizatório, mas para além disso, é preciso também preparar o mundo que virá, que pretendemos construir.

    É imperativo e será o dever da próxima geração fazer prevalecer a ciência, o bem coletivo e a limitação da autoridade do poder econômico. Será necessário também investigar, abrir inquérito, prender e executar a punição a cada agente público ligado ao bolsonarismo que, através de sua inação, por conivência, por maldade em seu estado mais puro, operou para consolidar este genocídio. 

    É dever de cada cidadão adepto dos princípios civilizatórios forçar aos seguidores do genocida o reconhecimento dos erros que fizeram e a responsabilidade pelo estrago que proporcionaram na nossa já sofrida sociedade brasileira.

    Não devemos ter medo de promover a ruptura, a separação e o afastamento dos bárbaros, por conta do passado compartilhado, da vida que um dia foi vivida, pelos laços que um dia tivemos.  A selvageria deles está matando a muitos e adoecem, fisicamente e mentalmente a outros tantos mais.

    Cada ministro, secretário, servidor de autarquia, servidor de cada um dos poderes deverá ser investigado. Que se realize uma devassa e seja, cada um, responsabilizado conforme seu peso de culpa. Façamos isso após tudo ser restaurado. E que não sobre um único ser com o sobrenome do maldito para tentar resgatar através da mentira um passado que, hoje é presente e no futuro será lembrado como o ritual de passagem para a nossa maturidade civilizatória.

    Aproximem-se daqueles que defendem os mais necessitados, os mais pobres, os mais convalescidos. Repudiem a todos os que negam a realidade em nome de uma abstração ideológica assassina. Acolham os arrependidos, mas com vigilância, pois a maturação da moral não ocorre da noite para o dia, mas o medo da solidão social converte a fala da boca, mas sustenta a mentira do espírito.


sábado, 6 de março de 2021

Jacques Le Goff


    Não passo nem perto de ser um medievalista. Na realidade, acho estranho o fascínio que o período exerce na imaginação das pessoas. Obviamente que entendo o interesse dos historiadores que se especializaram no período e na investigação histórica, na discussão historiográfica, afinal de contas, isso enriquece intelectualmente e profissionalmente, mas como afirmei, nunca fui muito fã de estudar o tal época.

    Mesmo assim, alguns autores são tão bons, escrevem tão bem e deixam a leitura tão agradável que vez por outra, acabamos nos interessando por temas que não caem no nosso gosto em função da qualidade do texto do pesquisador. É essa a minha relação com a obra do Le Goff.



    Parte dessa virtude do Le Goff talvez seja em função de sua pré disposição de levar o conhecimento histórico e historiográfico para além das barreiras acadêmicas. 

    De sua autoria eu li O nascimento do Purgatório, O Maravilhoso e o Quotidiano no Ocidente Medieval (li parcialmente), Por amor às Cidades e A Bolsa e a Vida, que compartilho com os interessados em conhecer um pouco da obra deste grande intelectual.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Reativando...

 Primeira postagem em quase cinco anos. Estou reativando o blog, obviamente, sem a pretensão de produzir grandes quantidades de conteúdo. Para celebrar, ai vai o link para download de uma coleção de livros de história do Brasil bem importante: História da Civilização Brasileira

Divirtam-se

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Desabafo

     Nem sei como começar este texto. Queria fazer uma reflexão mais densa e elaborada, mas não estou com cabeça para isso. Amo muito a educação em geral, mas tenho um carinho muito maior pela ideia de dar educação aos mais pobres. Tal posição pessoal me conduziu desde o início para a escola pública.
     Hoje foi um dia triste por algo tão banal. Precisei correr atrás de folhas de sulfite para poder fazer a impressão de provas por que o colégio não dispunha de papeis para isso. Não é culpa da direção, não é culpa de professores. Em meio a toda disputa que existe hoje por este vácuo deixado nos espaços do poder, em meio a toda essa questão ideológica exacerbada e irracional que verte pelas bocas do senso comum cheia de um ódio incoerente, em que momento as pessoas vão parar para resolver questões simples do cotidiano? 
    Professores precisam de seus salários pagos em dia. De seus planos de carreira respeitados. As escolas precisam de funcionários para executar as tarefas simples. É preciso sulfite, papel higiênico, sabão para limpeza, merenda. Alguém ai já viu a cara de tristeza de uma criança pobre que vai ao intervalo de aula buscar uma merenda e não tem uma caneca de leite quente para saciar a fome e aquela dorzinha de cabeça que a fome provoca?
     Em meio a tudo isso, vai ainda minha observação: E o partido que há anos governa o Estado de São Paulo e que atualmente governa o Paraná, que precarizou a educação pública nestes Estados ainda se acha ilibado e guardião da moral nacional. Comprar uma resma de papel sulfite para imprimir provas não é um problema para mim ou para o pai de algum aluno ligeiramente endinheirado, mas esta função cabe ao Estado. Enfim, desculpe o desabafo. Eu apenas estou triste com esse quadro. Me esforço para a tristeza não virar ódio.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Memória em litígio

     Durante a Segunda Guerra Mundial, a França foi ocupada por um governo totalitário, autoritário, ditatorial, genocida. Em meio aos franceses surgiu um grupo que pegou em armas, executou missões de sabotagem, assassinou militares nazistas, se apropriou de patrimônio de franceses que apoiaram as forças nazistas de ocupação. Lá estes foram chamados de "resistência". A população francesa presta homenagem a estes indivíduos até hoje.

      Aqui no Brasil, aqueles que usaram a violência e se levantaram contra regimes tirânicos, autoritários e ditatoriais são chamados de terroristas. Palavras usadas para caracterizar o passado são escolhas ideológicas. A esquerda construiu uma memória sobre aqueles que tombaram lutando contra a ditadura heroicizando-os, mas como é sabido que heróis são fulcros de aspirações coletivas como alertou Mary Del Priore, estes são sempre construção condizentes com um projeto de poder. Mera invenção. 

     Não tem como negar que, ainda que a história séria e comprometida com a ciência desconstrua a imagem heroica dos atores do passado, é nítido que houve uma hegemonia de uma interpretação a esquerda do passado ditatorial brasileiro. Entendo e defendo que isso ocorreu menos por questões ideológicas e mais por questões metodológicas: A direita no Brasil não consegue pensar muito fora do positivismo e do darwinismo social. Nem liberal ela consegue ser. Quando surge políticos e apoiadores que chamam os que tombaram lutando contra a ditadura de terroristas está muito claro que a narrativa sobre o passado está em disputa. Mas isso também revela uma triste e cruel realidade que para mim sempre esteve muito clara: nossa ruptura com o autoritarismo militar foi incompleta, propositadamente mal feita. Até por que os protagonistas deste processo foram os mesmos que iniciaram o regime autoritário.
     

Mariguella - Herói para a esquerda, terrorista para a direita. Se as duas impressões sobre o personagem são construídas por princípios ideológicos, faz sentido atribuir a alguma delas a noção de "verdadeira"?

         O curioso da história é que a memória está sempre em disputa entre os grupos que querem poder, sobretudo quando as instituições se fragilizam. Em geral, aqueles que tendem a adjetivar e generalizar sem senso crítico, buscando uma única fonte para referendar sua visão distorcida da realidade se impõem na gargalhada tosca e inculta daqueles que nada levam a sério ou na agressividade boçal e verbalizada na voz daquele que é incapaz de conviver e compreender o outro. 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Uma data para não esquecer

     Houve um tempo em que os historiadores gostavam de construir divisões no tempo. Para compreender o passado elegiam datas como importantes. Categorizavam-nas como relevantes em processos de ruptura. Assim, entraram nos livros e na memória coletiva anos como 1492, 1500. Dias como o 14 de julho, o 7 de setembro. Cada vez que paramos para olhar na wikipedia o que aconteceu de importante "no dia de hoje na história", fazemos um exercício de recuperar o passado, reconstruir e reforçar uma memória. Acredito que há enormes chances de, no Paraná, a data de 29 de abril ganhar importância com o passar do tempo. Mas não por que esta data marcou o início de um novo tempo, como as descobertas da América e do Brasil ou a Queda da Bastilha e nossa Independência nacional.

     Por hora, 29 de abril vai ser lembrada por causa das continuidades: o descaso da nossa classe política, o descaso das elites fundiárias, financistas, empresariais, o descaso das oligarquias paranaenses para com a população deste Estado. Estas elites tem nome e sobrenome. Elites políticas que são ignorantes a tal ponto que ainda hoje, no século XXI, preferem ficar vendendo soja in natura para o exterior do que investir no desenvolvimento econômico, social e humano de um Estado que tem condições humanas e materiais de ser um dos mais importantes da federação.

     Por hora, 29 de abril será lembrada por que feriu a classe que dá literalmente seu sangue pelo desenvolvimento do Estado; classe ferida que caiu na triste batalha campal que se viu no Centro Cívico. É aqui que entram as questões que proponho: Por quanto tempo lembraremos desta data com a tristeza inerente aos que estão insatisfeitos com a continuidade? Será que professores sozinhos conseguiriam dar novo significado para esta data, para que ela represente uma ruptura? Se a democracia nos permite tirar os representantes que não atendem nossas expectativas, será que o povo paranaense deixará de escolher nomes e sobrenomes?


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Sobre fazer 36 anos...

     Eu sinto que estou na metade da minha vida (não é drama). Olho para frente e para trás. Sinto-me perdido, tudo parece distante. A memória de dias felizes do passado me mostra que eles estão tão distantes quanto às coisas que eu quero para o futuro. E hoje, sentindo-me no meio do caminho, pensei muito em ambas as direções. Lamentei muito ter escolhido algumas atitudes, estradas e pessoas em detrimento de outras. Hoje vejo alguns lampejos de felicidade alheia e noto que talvez devesse ter dirigido para outra trajetória. Sonhos que me parecem distantes sendo realizados por gente próxima não provocam a chamada inveja, mas sim uma pequena tormenta mental, por conta das escolhas e resultados.

     Passei maus momentos recentemente, mas não menos anteriormente. Chorei sozinho, mostrando-me forte quando a última coisa que eu gostaria de ver era a cara de alguém. Não pude fazer aquilo que muitas pessoas dizem ser minha maior virtude, amparar, por que mal tinha forças para mim. Apostei alto, perdi tudo. Ou quase tudo.

     Tem coisa que acontece na vida da gente uma vez só. Tem oportunidades que até voltam, mas às vezes em momentos que já não fazem mais sentido algum. Mas a maioria delas é de fato única. Em meio a tantas coisas que podem ser chamadas de derrotas, eu vivi outras tantas muito lindas e fantásticas, cuja simples lembrança já faz disparar serotonina e ter um pouco de acesso à química da felicidade, mesmo em péssimas horas. Faz-me chegar à conclusão de que eu faria tudo de novo, igualzinho, mesmo sabendo que talvez tivesse o mesmo desfecho: não atingir minhas metas mais íntimas. Por que a felicidade, ainda que curta, ainda que tardia, ela não pode ser adiada. Ela tem que ser vivida.

     Aqueles que assim como eu acreditam que há outras vidas, em hipótese alguma deveríamos nos preocupar tanto com as dores que passamos nesta. Não há mal em buscar a plenitude, a paz, a felicidade (embora fique para mim cada vez mais nítido que feliz é quem se engaja no bem ao próximo, pois dá sentido maior à sua existência).

     Hoje que acredito ter chegado à metade da vida, penso que valeu a pena todos os riscos, pois vivi sonhos e experiências que de alguma forma me marcarão eternamente. Se eu senti dores, se desenvolvi rancor, ódio em algumas jornadas, tudo também foi válido. Doeu muito eliminar estes sentimentos, foi um trabalho penoso, mas eles me elevaram de tal forma que me sinto feliz pelo simples fato de dizer que é possível sofrer bastante, se elevar e continuar amando (a vida, o próximo, aquele que te fez mal, etc.). Se um indivíduo quer ser feliz e aprendeu que isso se conquista através de fazer o bem, pois que se jogue na vida.

     Se nós pretendemos buscar algo bom, que procuremos incessantemente, independente do resultado, do medo. A tristeza inerente aos nossos dias presentes pode persistir, mas já estamos acostumados com ela. Mas os momentos, ainda que curtos, de intensa felicidade, viverão na memória do espírito eternamente.

     OBS: e se falo que acredito ter chegado à metade é por que penso que 72 anos é um bom tempo para se viver neste planetinha. Alzheimer me faria esquecer coisas legais e Parkinson faria derramar cerveja. Setenta e dois anos estarão de bom tamanho.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Crônica de um dia infeliz

     Sai de casa após almoçar, por volta das 14:30. Era 29 de abril de 2015. Deixei minha mãe e meus sobrinhos na escola onde os pequenos estudam música todas as quartas feiras. Dirigi até o Centro Cívico de Curitiba. Estacionei próximo ao MOM. Sai do carro com uma garoa fina caindo. A medida em que me aproximava da parte de trás da Assembleia Legislativa, eu começava a escutar bombas. Já naquele instante meu coração se enchia de angustia e eu começava a chorar. Me aproximei da praça lateral ao Palácio e vi o cordão de isolamento policial, enquanto observava a distância o início do massacre. 
    
   Comecei a chorar e me aproximei solitariamente dos policiais. Eu gritava com eles. Naquele momento de desespero, não me dei conta do risco que eu corria de ser preso ou agredido. A paixão falou mais alto que a razão. O desespero, este visceral sentimento, aniquila a racionalidade do ser em questão de segundos. 
  
     Aos policiais eu dizia sempre o mesmo texto, de forma intuitiva, externando o que sentia:

 - Vocês estão do lado errado. Suas aposentadorias estão em risco. Seus oficiais estão acobertando essa canalha toda. Vocês são conhecedores de cada boca de tráfico, de fumo dessa cidade. Sabem onde ficam prostíbulos que praticam pedofilia. E sabem também que há assessores e parlamentares que estão ligados nestas práticas. Vocês sabem disso. Sabem também que nós professores vemos diariamente crianças carentes, pobres, negras, brancas, mestiças entrando no crime por que não há um médico, um psicólogo na periferia para dar atenção para elas. Nós na sala de aula lutamos sozinhos para salvar estas almas e trazê-las para cidadania, enquanto a canalha hipócrita fica sentada lá dentro tirando nossa aposentadoria e mandando vocês baterem em nossa gente, a única gente que pode fazer alguma diferença. Vocês tem filhos educados por nós, estudaram conosco. Por que aceitam fazer isso com a gente?

     Uma cena chamou minha atenção. Vários policiais abaixavam a cabeça enquanto eu falava. Uns poucos que me olhavam no rosto ficavam abatidas ao ver meu choro, ouvir o que eu falava e ficavam com os olhos aguados também. Um soldado negro que deu atenção ao meu desespero não escondeu o choro e balançava a cabeça dando sinal afirmativo para cada frase minha.

     Sai dali. Dei uma longa volta a pé por uma rua paralela da que passa atrás da ALEP. No caminho encontrei minha professora de química do ensino médio, aos prantos. Encontrei inúmeros colegas, muitos deles que trabalham também na rede privada. Todos estarrecidos. Tentamos nos aproximar da frente da ALEP, mas diante da desproporcional força, retrocedemos. Foi ai que vi o esdrúxulo e bizarro. A tropa de choque da PM caminhava em nossa direção, jogando bombas. Enquanto batíamos em retirada, para próximo do prédio da prefeitura de Curitiba, os policiais nos jogavam bombas de gás pimenta, lacrimogênio e efeito moral. Enquanto eu corria, via gente que ficava para trás sendo agredida em sua fuga. Pessoas se queimavam, estilhaços de bombas atingiam e machucavam os professores.
     Fiquei em pé, na esquina da praça, do lado da prefeitura, próximo a um cordão de isolamento da PM, partindo do princípio que por estar perto da PM, não seria atingido. Ledo engano. O helicóptero da PM se aproximou do local e jogava do ar gás pimenta. Eu senti o quanto era hedionda essa situação, mas um pouco de frieza me dominou e fiz um vídeo acima com o celular.
    
    Fugi para próximo ao caminhão do sindicato e ali encontrei mais outros tantos colegas, alguns que inclusive lecionaram para mim. E dali fiquei observando a distância o que ocorria, chorando tanto quanto tremo e choro agora, ao realizar a escrita desta crônica.
   
   Jornalistas da Veja, da Folha, leitores em seus comentários alegam que nós não éramos professores, éramos petistas, cutistas, marxistas, bolivarianos. Que professores de verdade não confrontariam a lei, a ordem. Lá haviam eleitores do Aécio, da Dilma, da Marina, da Luciana Genro (eu). Haviam eleitores do Richa decepcionados e arrependidos. Haviam neo-integralistas, monarquistas, anarquistas. Aquilo foi uma manifestação democrática de uma categoria que, mesmo ideologicamente heterogênea, lutava por uma causa em comum: a garantia de suas aposentadorias e de uma educação de qualidade.

    E se hoje eu faço uma crítica ao PSDB e isso magoa os eleitores do partido, peço desculpas, mas eu sou apenas um cientista, especializado em história, um homem da educação que lê, que pesquisa, que estuda a ciência política, as políticas públicas para a educação. E faço isso não por partidarismo, faço por que sou profissional sério, que busca através da transmissão do conhecimento formar uma geração de cidadãos defensores dos valores democráticos e que tenta estimular as novas gerações a participarem da política, da cidadania de maneira eticamente e moralmente mais elevada do que a imensa maioria da classe política brasileira. Se faço a crítica ao PSDB e ao seu modus operandi é por que há evidências concretas e irrefutáveis de que este partido e seus dirigentes não são adequados para melhorar o país, por que só com educação de qualidade isso é possível. E isso, talvez por quererem manter a população na ignorância e preservar seus privilégios, decididamente eles não querem.



quarta-feira, 8 de abril de 2015

Atividades para os alunos do Colégio Estadual João Ribeiro de Camargo

Saudações alunos. 

A título de experiência, coloco aqui para vocês as atividades online, para vocês irem se acostumando com o sistema. Com um pouco de boa vontade e prática, dá para fazer numa boa.

Clique aqui para ter acesso ao exercício sobre Mesopotâmia, voltado para o primeiro ano do ensino médio. Usem os materiais que eu coloquei nos exercícios e suas anotações de caderno.

E para os alunos da segunda série, clique aqui para fazer os exercícios sobre Formação de Portugal e Espanha e Grandes Navegações. Usem os materiais que eu coloquei nos exercícios e suas anotações de caderno.

Façam um bom proveito da tecnologia. Um grande abraço.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Com a palavra, uma amiga coerente

Retirei o texto abaixo de uma postagem realizada por uma amiga, historiadora e atriz. Nem pedi autorização para ela para colocar aqui, mas acho que o texto merece alguma visibilidade. Ai vai

Dane-se PT, PSDB, PDT, PSC, PMDB, DEM ou qualquer outra legenda do raio da PQP!
O fato é que o professor vem sendo constantemente desvalorizado no Brasil - não só pelos políticos como pela própria população. E nessa grande ciranda de descaso também são ignorados os direitos de outros servidores públicos nesse país. Entra governo e sai governo (federal, estadual e municipal) e nossos problemas só se agravam - sintoma esse que nos remete a pensar em problemas estruturais - e nesse contexto a legenda partidária é só um "pixo" no meio dos pilares condenados - uma infeliz tentativa de desviar nosso olhar de um problema muito maior. Corrupção e ignorância não seguem partidos específicos. É um problema que permeia toda a sociedade. Permeia nossos próprios conflitos internos e morais - mesmo que isso custe a admitir.
Pra você que ta lendo isso pela milésima vez, peço perdão pela insistência, mas por favor, eu apelo! Pare de colocar a responsabilidade só de um lado!!!! Eu não aguento mais tamanha unilateralidade!!! Olhe para além dos seus horizontes - para além das suas referências, das suas revistas, dos seu círculo social!!! Numa era globalizada não podemos mais criar justificativas para informações seletivas que só servem para olhar o problema por um ângulo (geralmente aquele que nos é mais cômodo enxergar)! Alteridade é sempre necessária quando precisamos reivindicar nossa identidade e nossa cidadania - do contrário mergulhamos no abismo da ignorância e do autoritarismo... Cuidado com essa aparelhagem ideológica!!!
Se depois de tudo isso você ainda teima em comprar esse discurso de PT X Tucanato, é sinal que seu cabresto ideológico te faz tão ou ainda mais manipulável do que o grosso da população - aquele grosso que você, no alto da sua petulância, julga ser tão desprezivelmente distinto da erudição do seu suposto esclarecimento. Tal cegueira te leva ao ponto de achar que o que falo aqui tende a defender uma bandeira ou outra... Ora!!! Às favas com as cores, as siglas ou nomes de qualquer bandeira! Todas estão manchadas num mar de escândalos e denúncias. Não compre a guerra pelo poder de uma corja que jamais atenderá suas necessidades. Afinal, se você não faz parte dessa panela, por que então sai por aí fazendo eco da briga? Eles mesmos te ignoram... FOMOS TODOS IGNORADOS!
Não caia na armadilha do deslumbre da classe média, que nos draga à amarga ilusão de pensar que um diploma universitário é suficiente pra julgar todas as classes trabalhistas, tão plurais em suas dificuldades e depreciações. Ninguém aqui sabe de tudo! Ninguém aqui é médico, professor, engenheiro, farmacêutico, enfermeiro, produtor cultural, pedreiro e diarista ao mesmo tempo. Ninguém aqui sequer sabe enumerar a quantidade de profissões que os brasileiros exercem.
E se ninguém sabe de tudo, o máximo que podemos fazer é trocar nossas experiências e pontos de vista sobre a mesma questão. Estamos aprendendo juntos e da pior maneira possível: imersos numa miríade de problemas!! Pare com essa mania de repartir as divergências do mundo por meio da bipolarização. Não seja filhote de ditadura nem tampouco seja resto de placenta de guerra-fria!!! Não tenha medo de negar esse mecanismo de análise política - isso não te fará reacionário, anarquista, comunista ou qualquer rótulo do gênero. Esse tipo de sequela ou saudosismo não é salutar em nenhuma causa e nada acrescenta ao destino desse país. Gera só uma gritaria estéril e ignora os benefícios da polissemia.
E pra ficar claro, repetirei quantas vezes achar necessário, até que faltem ar nos meus pulmões... até que faça calo nos meus dedos.. até que o último amigo meu aqui facebook me delete: NÃO FAÇA DESSA CAUSA UMA GUERRA PARTIDÁRIA! NÃO FAÇA DESSA CAUSA UMA GUERRA PARTIDÁRIA! NÃO FAÇA DESSA CAUSA UMA GUERRA PARTIDÁRIA! NÃO FAÇA DESSA CAUSA UMA GUERRA PARTIDÁRIA! NÃO FAÇA DESSA CAUSA UMA GUERRA PARTIDÁRIA! NÃO FAÇA DESSA CAUSA UMA GUERRA PARTIDÁRIA!
Isso é uma guerra estrutural - afeta nossas raízes e nossa cultura... Talvez seja por isso que temos tanta dificuldade em aceitar, em nos auto-analisar dentro da nossa própria revolta - dentro das nossas próprias dificuldades em nos relacionar em sociedade. Travamos esse conflito com a nossa própria formação porque no fundo ela é pra lá de deficiente.... Admitir já é um grande passo!
Pode chorar, pode espernear e pode jogar a batata quente de mão em mão... Somos sim deficientes em nossa formação identitária, em nossa literacia política - Ainda mais num país onde cada vez mais se faz da educação nas escolas uma mercadoria. Onde temos de deixar de estudar ou nos dedicarmos a nossas afinidades para sobreviver às exigências da vida adulta. Onde muitos escolhem profissão por dinheiro, por pão na mesa ou por um pouco mais de conforto - e não por vocação!!! Se você nega esse problema, eis que você apresenta outro sintoma do quanto foi condicionado a agir e pensar em série, a imprimir toscamente os discursos da matriz... Por vezes defendendo interesses que nem seus são - pelo contrário! Somente te prejudicam!!!
E aqui aproveito pra fazer outro apelo: para você que não é paranaense e não está a par dos problemas que estamos passando com o governo estadual, peço o mínimo de respeito e compreensão. Não critique um contexto o qual desconhece. Não critique nossa indignação, não critique quando um professor, um policial, um agente penitenciário ou um agente da saúde reclama de suas condições de trabalho. Aqui também estamos vivendo no nosso limite - dentro das nossas peculiaridades. O coronelismo também impera nas araucárias! É cômodo jogarmos tudo para um lado, afinal dá menos trabalho atacar uma única falange, não é mesmo? Respire fundo e procure entender as queixas que eclodem por aqui.
Sul, Sudeste, Norte, Noroeste, Nordeste Centro-oeste..... Da uma olhada com atenção na história do nosso país, o quanto ignoramos a história de cada região, de cada povo que aqui habita. O que nos faz ser brasileiros é a nossa extensão e a nossa diversidade. Lutamos em prol do Brasil, mas não podemos impor nossas referências sob as particularidades de cada região. Isso não é xenofobia, egocentrismo muito mesmo ufanismo: pra construir a união também é necessário reconhecer a pluralidade.
Entendo profundamente sua mágoa com o PT (eu também tive sérias decepções, assim como qualquer brasileiro), mas o fato é que o PSDB não tem sido grandes coisas por aqui... E se você acha que os petistas estão ha tempo demais no governo, pense então na nossa relação com os tucanos!!!! Reconhecer isso não te obriga a recuar na sua oposição ao governo federal... Até porque dentro da divisão de poderes e regiões também temos divisões de responsabilidade. E olha... Ta todo mundo fazendo besteira!!!
O que é responsabilidade do governo federal precisa ser cobrado, assim como também deve ser cobrado o que é responsabilidade de nossos senadores, deputados, prefeitos e vereadores.... Cada qual dentro de sua função. Talvez se cobrássemos mais dos nossos deputados, por exemplo, o triste episódio que se desdobrou hoje na Assembléia Legislativa do Paraná tivesse outro desfecho. O seu,o meu, o nosso dever como cidadão é se informar melhor sobre isso! É a lição nossa de casa de cada dia. Não é mais hora de defender quem não nos defende! Não é mais momento pra bancar o pedante político (na minha opinião a criatura mais ignorante de todas)!! Todos podem e devem ser responsabilizados. Cada qual em sua cidade, estado e região. Isso não te faz bairrista, pelo contrário!!! Isso te faz ainda mais cidadão brasileiro.
Só por obsequio! Não venha chamar professor de vagabundo, incompetente, desinformado ou massa de manobra. Antes de falar sobre aquilo que desconhece, experimente conhecer uma escola nos dias atuais. Converse com diretores e pedagogos... Caso o achismo ou a preguiça venham a imperar, apenas fique em silêncio e pare de desrespeitar quem já é tão injustamente depreciado.