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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Pensando sobre tudo o que ocorre


                Estamos vendo verdadeiras aulas de história. Nunca aprendi tanto como funciona o mecanismo político que permite ascensão de extremas direitas como vi hoje. Foi uma aula de ascensão totalitária. Vi cartazes dizendo coisas como "prisão rural aos criminosos para que trabalhem para nós, e não nós para eles". Tal tipo de argumentação foi exatamente a mesma utilizada por Hitler na Alemanha conta ciganos, eslavos e manifestantes políticos mais pobres.

                Eu entendo e apoio a reivindicação das pessoas de não permitirem que os partidos políticos se apropriem de suas pautas, por que de fato, os partidos políticos foram ineficientes na hora de resolver os problemas que confiamos a eles. E são todos os partidos. Mas, ao invés de pensarmos em propor a não participação dos partidos, está sim, mais do que na hora, dos partidos virem aos protestos e ouvirem o que nós reivindicamos. Se eles não conseguem mais nos representar, há duas razões:

 1) eles se afastaram de nós e se aproximaram apenas daqueles que usaram o poder político para ampliarem seus patrimônios privados (justamente esta corja podre da Elite econômica do país);

2) Nós, na descrença da capacidade destes partidos de nos representarem, abandonamos o interesse em participar dos mesmos, deixando-os nas mãos daqueles que buscam usar o Estado para se apropriar do fruto dos nossos trabalhos, nossos impostos.


Enfim, convidemos os partidos para nos ouvirem. Exijamos que eles mudem suas anacrônicas diretrizes. E não permitamos que tais partidos para se defenderem, fiquem acusando seus rivais políticos, por que afinal de contas, todos falharam. Exijamos que eles se modifiquem e participemos democraticamente daqueles que melhor representam nossos ideais e reivindicações.


 

domingo, 16 de junho de 2013

Sobre idiotices e idiotas

                Este texto é para você, que é idiota e acredita que não o é. Ao final dele, você pode descobrir se é um idiota ou não.
                Em meio a tantas manifestações que ocorrem neste país, sobre legalização ou não de entorpecentes, questões de gênero, questões agrárias, questões de sexualidade, religiosidade, enfim, há sempre aqueles que do alto de sua soberba e arrogância, arrotam frases como:
Aposto que é coisa do PT
É coisa de tucano
MST é ligado ao terrorismo comunista
Médico cubano quer vir fazer revolução socialista
Estes falcatruas do DEM
                Talvez, você que domina os conhecimentos do mundo da política ainda não percebeu que pessoas simples se expressam a partir de experiências em comum. Elas não precisam de intelectuais políticos de vanguarda para sentirem a inflação, para sentirem o descaso do serviço público, para sentirem o quanto o Poder Público advoga a favor do poder econômico que banca as campanhas políticas.
                No topo de sua arrogância intelectual, você esquece que também é humano. Você se esquece de se colocar no lugar do outro. Você paga sua UNIMED, sua AMIL para não ter que conviver com o pobre que você considera menor, pior que você. Você, classe média, paga escola para seu filho para acreditar que ele está longe do favelado que vende droga na porta da escola pública e acredita que todos seus problemas estarão resolvidos assim. Perceba uma coisa: sua intranquilidade momentânea advém do fato de que percebeu que sua segurança é fictícia e estás também ameaçado, tanto quanto aquele menos favorecido que você, seus pais, seus avós, já foram um dia.
                Perceba o quão ridículo é você afirmando que tais movimentos sociais perdem a legitimidade quando surgem em meio a eles pessoas ligadas a agremiações sindicais e partidos políticos. Por acaso, associar-se tira a legitimidade da dor que uma pessoa simples sente quando não vê o poder público agindo para garantir um mínimo de qualidade de vida para ela? Por acaso, apenas a elite dirigente pode formar associações, federações de comércio e indústria? Por acaso, a cidadania é restrita apenas a estes indivíduos?

                Ainda que eu parta do princípio que você, inimigo das manifestações sindicais, ideológicas, partidárias e afins, esteja correto – e não, VOCÊ NÃO ESTÁ, há em meio ao que ocorre hoje nas cidades brasileiras uma vontade do povo de sentir-se ativo na história. Fala-se de que a copa, o progresso econômico é para todos, mas nós, que somos a maior parte deste todo chamado povo brasileiro, não estamos vendo isso nitidamente na nossa qualidade de vida. E eu não preciso estar pintado de vermelho ou azul com amarelo, não preciso ser tucano, democrata, petista, verde ou socialista, para perceber que cada reivindicação social vem de uma dor que clama por cura. E se você leu o texto até aqui e acha que seu autor tem posição político partidária, sim, você está correto. Eu tenho. Se você acha que é neutro é por isso é melhor, você acabou de descobrir se é ou não aquilo que eu coloquei como questão no início do texto. Passar bem.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Curiosa entrevista

"devemos aproveitar este momento e não se prender ao passado"
Curioso pensar que se quiser podemos pesquisar para lembrar, para depois, se quisermos, perdoar e esquecer. Lembrar e perdoar. Nunca vi isso como um possível sentido da história. Há de se levar em conta o aspecto ideológico do veículo de comunicação que divulga tal entrevista, mas isso não tira o valor legítimo que tem a opinião do entrevistado.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/1293767-em-entrevista-inedita-jacob-gorender-diz-ser-contra-punicao-a-torturador-e-lei-da-anistia.shtml

O historiador e militante comunista Jacob Gorender afirmou, em entrevista no ano passado, ser contra a revisão da Lei da Anistia e contra a punição a agentes que praticaram tortura durante a ditadura militar (1964-1985).
"Não deve haver mais punição, já passou, mesmo para os torturadores. Mas [é preciso] expor os fatos com os nomes. Quem foi torturador deve ter o nome exposto", disse Gorender.
Protagonista de uma das trajetórias mais singulares da história recente, o intelectual autodidata, dirigente comunista, preso político e veterano da 2ª Guerra Mundial Jacob Gorender morreu ontem aos 90 anos, em São Paulo.
Apesar de a saúde já debilitada e da aparência frágil, Gorender conversou com a Folhaem sua casa, no bairro da Pompéia, zona oeste de São Paulo. Leia abaixo trechos da entrevista.
Eduardo Knapp/Folhapress
O historiador Jacob Gorender em sua casa, no bairro da Pompéia, em São Paulo; ele morreu nesta terça (11), na capital paulista
O historiador Jacob Gorender em sua casa, no bairro da Pompéia, em São Paulo; ele morreu nesta terça (11), na capital paulista
Folha - Como o sr. vê a criação da Comissão da Verdade pela presidente Dilma?
Jacob Gorender - Acho que essas comissões da verdade estão aparecendo em vários países: Argentina, Chile e Venezuela. Em vários deles, há uma catarse. A sociedade está se purificando ao expor a verdade do que aconteceu, então é isso que deve ser feito. Outras pessoas poderiam participar, mas tudo bem.
O sr. aprova que a comissão verifique apenas crimes perpetrados pelo Estado, como foi dito por alguns dos membros da comissão?
Isso eu acho errado. Sem punição, mas [é preciso] averiguar tudo, todos os nomes. O Pérsio Arida, que polemizou com Ustra [coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, 80,], foi um dos militantes que foi preso por Ustra no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) e torturado. E houve uma polêmica que saiu na Folha [em 2011] entre Ustra e Arida.
Eu acho que a averiguação e o esclarecimento desse tipo de coisa são o que importa. Para investigar os fatos, não deve haver limites, tudo deve ser aberto, exposto, lido e publicado, mas sem punições carcerária, judiciais etc.
Como o senhor encara a demanda de diversos grupos, ONGs, familiares e entidades sociais para rever a Lei da Anistia?
Penso que o que importa agora, como historiador, é recuperar a verdade dos fatos. Mas sou contra qualquer punição para qualquer um dos lados.
Não deve haver mais punição, já passou, mesmo para os torturadores. Mas [é preciso] expor os fatos com os nomes. Quem foi torturador deve ter o nome exposto. O que ele fez deve ser apurado, o Ustra e outros que trabalharam nos Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e nos DOI-Codi e em todos os lugares que havia perseguição política e torturas etc. Mas não punição, acho que isso já não interessa mais. Não faz sentido prender um senhor de mais de 70 anos por um crime cometido há 30 anos.
Mesmo se forem apenas escrachos, como alguns grupos vêm fazendo?
Não interessa nada de punição, mas expor os fatos. O pior torturador não tem de ser punido agora, mas tem de dar o nome dele e mostrar o que ele fez. O Brasil passa por um período único na sua história política, de liberdade total. O Brasil sempre se caracterizou por possuir uma classe dominante extremamente antidemocrática, ditatorial e com pouquíssima liberdade política. Hoje, isso mudou e possuímos total liberdade, devemos aproveitar este momento e não se prender ao passado. Não faz sentido alterar a Lei da Anistia.
Então o sr. não concorda com a posição de diversos grupos que defendem a revisão da Lei da Anistia?
O fim da Anistia não traria nenhum beneficio para o país e para a democracia brasileira. A anistia deve continuar ampla, geral e irrestrita, mas todos os fatos devem ser apurados e todos os torturadores, guerrilheiros e ações, identificados, arquivados e estudados.
A Argentina alterou sua Lei da Anistia. Como o sr. viu essa mudança?
Na Argentina, foi diferente. A ditadura matou 15 mil pessoas mais ou menos, tanto da resistência como também inocentes, pessoas que circunstancialmente estavam envolvidas nos fatos. Então, isso é crime.
Como o sr. vê as indenizações?
Sou contra as indenizações, ninguém deve ser indenizado. Se sofreu, sofreu, acabou, ninguém me propôs para eu ser indenizado. O Ziraldo obtém uma indenização de R$ 400 mil, outro, de R$ 1 milhão. Então sou contra indenizações, ninguém lutou por isso, eu sou contra. Sou a favor da exposição dos fatos.