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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mais corrupção moral, mais desvio de conduta, mais impunidade. Até quando?

Existem tantos problemas para resolver, mas o que mais me incomoda é a impunidade. Há uma máxima no direito que afirma que não é a violência da punição que pode conter o crime, mas a certeza de que o crime será punido. Não sou um estudioso da sociologia do crime, mas isso para mim me parece tão óbvio quanto dois mais dois são quatro. Todos nós pensamos duas vezes antes de colocar o dedo no nariz se vemos que alguém pode estar por perto e nos reprovar por esta atitude. Por que é certo que se alguém ver, vai condenar a atitude. A certeza desta condenação nos impede de fazer tal gesto. Agora, entrem sozinhos num elevador sem espelhos ou câmeras...

O fato é que eu vejo notícias como esta http://www.paulopes.com.br/2009/06/pastor-engravida-menina-e-afirma-foi.html, ou como a condenação sem punição para o Jaime Lerner, que coloquei em um post anterior, ou ainda leio uma notícia na qual o advogado do ex deputado Carli aparece dizendo que ele não deve ir para cadeia "por que sua pena já foi dada, sua imagem pública está para sempre arruinda". E quando vejo isso, me entristeço, pois me surge na cabeça a seguinte questão "é isso que nossa juventude está vendo? Que o crime compensa? Que quem erra não é punido?"

Isso vai totalmente contra o meu trabalho de professor, que busca ensinar além de conteúdos específicos da disciplina, valores morais UNIVERSALMENTE aceitos, mas ainda longe de vê-los em aplicação nas relações sociais humanas. Valores como a solidariedade, respeito à diversidade, caridade, responsabilidade para com o patrimônio público, desenvolvimento intelectual, entre outros.

O que me incomoda não é o crime que um menino de rua comete, ao assaltar um taxista ou um cobrador de ônibus para comprar uma pedra de craque ou fumar maconha. O que me incomoda é ver políticos desviando milhões da educação, da saúde para atender interesses podres deles mesmos e dos empresários que os apoiam em campanha. Me irrita saber que distribuição gratuíta de remédios para pobres é feita através da compra superfaturada dos mesmos remédios em laboratórios farmaceuticos cujos proprietários patrocinaram campanhas de deputados demagogos. É meu imposto fazendo este empresário farmaceutico ficar mais rico com o pretexto de melhor a saúde da população, sendo que todo mundo sabe que investimento em saúde pública e medicina preventiva sai muito mais barato. 

O que me incomoda é ver um judiciário que intencionalmente atrasa os processos que podem condenar estas elites pútridas, para inocentá-los por que o processo prescreveu. E no caso do judiciário há um problema maior ainda. Pelo menos, os deputados do legislativo e os membros do executivo eu "posso" tentar destituir com o voto. Juízes e promotores ficam no cargo para sempre e ainda liberam concessões de cartórios para seus familiares. Praticamente fundam dinastias neste poder e a coisa se configura quase como um Absolutismo do poder judiciários dentro da sociedade capitalista burguesa. Não consigo imaginar nada mais anacrônico que isso.

É perigoso um juiz mancomunado com o legislativo criar uma lei me proibindo de cutucar o nariz em logradouros públicos para manter a ordem e os bons costumes. Já me fazem trabalhar quatro meses por ano para pagar impostos. Não quero esperar a punição por tirar o tatu surgir para escrever um texto que conteste essa bizarrice institucional e exploradora que estamos vivendo.
Pronto, desabafei. E tirei o tatu.

Abraços
Prof. André

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