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quarta-feira, 29 de julho de 2015

Uma data para não esquecer

     Houve um tempo em que os historiadores gostavam de construir divisões no tempo. Para compreender o passado elegiam datas como importantes. Categorizavam-nas como relevantes em processos de ruptura. Assim, entraram nos livros e na memória coletiva anos como 1492, 1500. Dias como o 14 de julho, o 7 de setembro. Cada vez que paramos para olhar na wikipedia o que aconteceu de importante "no dia de hoje na história", fazemos um exercício de recuperar o passado, reconstruir e reforçar uma memória. Acredito que há enormes chances de, no Paraná, a data de 29 de abril ganhar importância com o passar do tempo. Mas não por que esta data marcou o início de um novo tempo, como as descobertas da América e do Brasil ou a Queda da Bastilha e nossa Independência nacional.

     Por hora, 29 de abril vai ser lembrada por causa das continuidades: o descaso da nossa classe política, o descaso das elites fundiárias, financistas, empresariais, o descaso das oligarquias paranaenses para com a população deste Estado. Estas elites tem nome e sobrenome. Elites políticas que são ignorantes a tal ponto que ainda hoje, no século XXI, preferem ficar vendendo soja in natura para o exterior do que investir no desenvolvimento econômico, social e humano de um Estado que tem condições humanas e materiais de ser um dos mais importantes da federação.

     Por hora, 29 de abril será lembrada por que feriu a classe que dá literalmente seu sangue pelo desenvolvimento do Estado; classe ferida que caiu na triste batalha campal que se viu no Centro Cívico. É aqui que entram as questões que proponho: Por quanto tempo lembraremos desta data com a tristeza inerente aos que estão insatisfeitos com a continuidade? Será que professores sozinhos conseguiriam dar novo significado para esta data, para que ela represente uma ruptura? Se a democracia nos permite tirar os representantes que não atendem nossas expectativas, será que o povo paranaense deixará de escolher nomes e sobrenomes?


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