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terça-feira, 11 de março de 2014

O Golpe Militar de 1964 - Folha de São Paulo

O jornal "A Folha de São Paulo" produziu uns aplicativos com informações sobre eventos e personalidades diretamente envolvidos no Golpe de 1964. É bem interessante. Fica a dica para acessar.
Abraços
http://arte.folha.uol.com.br/treinamento/2014/01/05/50-anos-golpe-64/

50 anos do Golpe Militar de 1964 e 100 anos da deflagração da Primeira Guerra Munidial

Hoje, dia 11/03/2014 o Jornal "A Gazeta do Povo", no seu caderno de educação publicou uma matéria acerca destas duas importantes datas históricas e também sobre a Copa do Mundo e as eleições. A matéria jornalística segue o padrão de formatação determinado pelo editor, é lógico. Com plena consciência disso, acabei criando um texto exageradamente grande para o jornal, acreditando que quanto mais informação e opinião eu pudesse apresentar, mais informações o editor da matéria teria para trabalhar. O padrão jornalístico é outro, compreensivo e justificável, porém, eu gostaria de também deixar a disposição dos leitores deste blog o texto na íntegra. Segue abaixo o link da matéria e o texto original. Neste primeiro post, coloco as respostas para as questões referentes ao Golpe Militar e a Primeira Guerra Mundial.

Como os professores podem usar o centenário do início da primeira guerra mundial e os cinquenta anos do golpe militar como instrumentos de aprendizagem para estudantes do ensino fundamental e médio?

          Antes de pensar em exemplo, nós temos é que pensar em um sentido para este passado. Tais temas são presentes nos planejamentos de história, mas por que razão estão lá? Pensemos a primeira experiência histórica  proposta: a Primeira Guerra em si mesma acaba sendo estudada como um punhado de informações sobre eventos políticos, econômicos e violentos. Estudá-la por mera curiosidade para decorar é efêmero. Esmiuçando suas origens, as tensões econômicas que a antecederam e todo nacionalismo do século XIX, que estimulava um ódio ao outro em função de sua nacionalidade, podemos sim retomar a temática da Primeira Guerra pensando até que ponto o nacionalismo é um valor positivo em si. Ou ainda, até que ponto um Estado Nacional pode por em risco sua população para atender interesses meramente econômicos de suas elites. Estas questões estão postas na atualidade e estavam postas no começo do século XX. Não é algo fechado. É importante retomar estas discussões na forma como elas se apresentam para nós hoje. Logicamente, os alunos tendem a ter curiosidade em visualizar imagens dos eventos, obter informações sobre tecnologias bélicas. Apresentar informações desta natureza estimula a curiosidade do estudante, mas a rigor, o sentido de estudar a história é dado no tempo presente, a partir de problemáticas do tempo presente e é para essa direção que o professor deveria caminhar.

          As questões de história do vestibular da UFPR dos últimos anos estão com um perfil novo, melhor. A cada vestibular abandona-se a informação sobre o passado esvaziado de sentido e coloca-se o aluno diante do desafio de pensar rupturas, continuidades, a partir da análise de diferentes conceitos historiográficos ao longo de temporalidades relativamente distantes. Ensinar história tendo isto como orientador da prática é um estímulo ao exercício da cidadania. Estudar a Primeira Guerra nesta perspectiva pode auxiliar a atingir este objetivo.

          No que diz respeito aos cinquenta anos do Golpe Militar, acredito que haja dificuldades enormes, fruto da relativa proximidade com o fato. Pessoalmente, sou um democrata e valorizo as instituições democráticas, mesmo as que estão desgastadas, precisando de renovação. Não posso pensar no Golpe sem deixar claro este ponto de partida. A geração mais nova não viveu a década de 1980, não viu a abertura do regime. Alguns só conhecem em função daquilo que ouvem de seus avós e pais.  Eu faço parte da primeira geração educada nas escolas públicas após o final do regime. Era uma época em que todo o modelo educacional militar estava sendo substituído por um novo, mais liberal do ponto de vista comportamental e econômico. Era também uma época de euforia, a despeito de toda crise econômica que existia no país. A palavra democracia acentuava paixões. Queria-se votar em diretores de escola, associação de bairros, governo do Estado, Presidência da República. Nos anos seguintes, o Regime Militar foi hostilizado intelectualmente pelas novas forças políticas que surgiam e pelas velhas que foram vencidas em 1964. Este momento de abertura inaugurou uma visão crítica de tudo o que se havia feito na Ditadura Militar, visão que é mantida até hoje, mas que já pode ser relativizada, mesmo que até eu não concorde com isso. A Ditadura deixou um legado material bom, (linhas de transmissão de energia, estradas, telecomunicações, usinas, utilizadas até hoje, entre outros), a despeito da crise econômica que impôs à nação, sobretudo aos mais pobres. Quem se lembra da inflação de 80% ao mês sabe bem do que falo. Ainda podemos citar projetos urbanísticos belos feitos nos anos da Ditadura, mas não pode ser esquecido o fato de que tais projetos dispersavam as famílias mais pobres, jogando-os nas periferias sem nenhum acesso aos serviços públicos básicos, o que ocorreu, por exemplo, com Curitiba nos anos 1980/1990.

          O fato é que hoje em dia imagina-se uma Ditadura que perseguia o povo, mas não se define bem o que era este “povo”, fruto de uma produção historiográfica marcadamente defensora da democracia. Esta Democracia brasileira atual tem matado mais negros, mestiços e pobres do que a Ditadura, com a conivência quase que absoluta da sociedade, colocando a Democracia sobre forte tensão. Em compensação, nos últimos anos foi possível ver uma maior inclusão das classes sociais menos abastadas em um padrão de vida melhor, com mais acesso a bens de consumo e serviços.

          Ver estes limites antagônicos, o bom e o mal na Ditadura e na Democracia, não nos autoriza a achar o passado melhor ou pior, faz sim com que nós pensemos nas contradições da nossa Democracia para efetivamente aperfeiçoa-la. Pessoalmente, creio que os cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 devem ser revisitados, repensados por nós professores de história, mas não no sentido de hostilizarmos este passado, uma vez que não é sensato cobrar dele algo que ele não pôde e nem tinha o interesse de oferecer. Devemos sim estudar para nos distanciarmos mais ainda dele e construirmos uma Democracia mais sólida e justa. Este é uma proposta de olhar para nosso passado golpista e ditatorial. Em sala de aula é saudável que o professor traga esta perspectiva a tona e proponha ao aluno esta reflexão sobre estes últimos cinquenta anos de história do Brasil.

          Tanto para este tema como para o da Primeira Guerra, convém olhar para o passado enxergando no nosso presente um sentido novo ao olhar para trás. Para mim, pessoalmente, se faz necessário defender valores democráticos e pacifistas. Como a sala de aula tem esta natureza de ser um espaço com alunos de diversas origens, o diálogo, o debate é perfeito para atingir dois objetivos: a) conhecer estes eventos históricos; b) dar um sentido à eles, tendo no horizonte a construção de uma sociedade ainda mais justa e democrática.


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Vale a pena ver pela primeira vez... vale a pena ver de novo

Olá novos visitantes, alunos de 2014. Estamos estudando a Revolução Francesa na segunda série do ensino médio. É válido dar uma olhada, assistir este documentário já antigo, mas ainda assim, muito bom.
Aproveitem bem. Bons estudos

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Aprofundando as conversas sobre economia

Como eu havia prometido, segua uma lista de cinco vídeos do professor João Sayad, da USP, de uma introdução de um curso, de uma disciplina sobre moeda e o sistema bancário. As aulas sobre a evolução dos paradigmas do pensamento econômico que tivemos, saindo dos liberais clássicos até John Keynes foram ótimas e gostei da disposição de vocês de se aprofundarem no tema, pensando também o perfil do liberalismo contemporâneo, da social democracia e dos limites de ação política para esquerda, seu distanciamento da ortodoxia marxista. Espero que ajude a compreender um pouco mais sobre o universo da economia, dos bancos centrais e da formação das moedas. 
Abraços
Prof. André




domingo, 15 de setembro de 2013

O Encouraçado Potemkin

Para todos que se interessaram em conhecer o filme após as aulas de Revolução Russa, ai vai o link:
http://www.youtube.com/watch?v=3i9FkLOac9s
A trilha sonora é maravilhosa. Divirtam-se.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Pensando sobre tudo o que ocorre


                Estamos vendo verdadeiras aulas de história. Nunca aprendi tanto como funciona o mecanismo político que permite ascensão de extremas direitas como vi hoje. Foi uma aula de ascensão totalitária. Vi cartazes dizendo coisas como "prisão rural aos criminosos para que trabalhem para nós, e não nós para eles". Tal tipo de argumentação foi exatamente a mesma utilizada por Hitler na Alemanha conta ciganos, eslavos e manifestantes políticos mais pobres.

                Eu entendo e apoio a reivindicação das pessoas de não permitirem que os partidos políticos se apropriem de suas pautas, por que de fato, os partidos políticos foram ineficientes na hora de resolver os problemas que confiamos a eles. E são todos os partidos. Mas, ao invés de pensarmos em propor a não participação dos partidos, está sim, mais do que na hora, dos partidos virem aos protestos e ouvirem o que nós reivindicamos. Se eles não conseguem mais nos representar, há duas razões:

 1) eles se afastaram de nós e se aproximaram apenas daqueles que usaram o poder político para ampliarem seus patrimônios privados (justamente esta corja podre da Elite econômica do país);

2) Nós, na descrença da capacidade destes partidos de nos representarem, abandonamos o interesse em participar dos mesmos, deixando-os nas mãos daqueles que buscam usar o Estado para se apropriar do fruto dos nossos trabalhos, nossos impostos.


Enfim, convidemos os partidos para nos ouvirem. Exijamos que eles mudem suas anacrônicas diretrizes. E não permitamos que tais partidos para se defenderem, fiquem acusando seus rivais políticos, por que afinal de contas, todos falharam. Exijamos que eles se modifiquem e participemos democraticamente daqueles que melhor representam nossos ideais e reivindicações.


 

domingo, 16 de junho de 2013

Sobre idiotices e idiotas

                Este texto é para você, que é idiota e acredita que não o é. Ao final dele, você pode descobrir se é um idiota ou não.
                Em meio a tantas manifestações que ocorrem neste país, sobre legalização ou não de entorpecentes, questões de gênero, questões agrárias, questões de sexualidade, religiosidade, enfim, há sempre aqueles que do alto de sua soberba e arrogância, arrotam frases como:
Aposto que é coisa do PT
É coisa de tucano
MST é ligado ao terrorismo comunista
Médico cubano quer vir fazer revolução socialista
Estes falcatruas do DEM
                Talvez, você que domina os conhecimentos do mundo da política ainda não percebeu que pessoas simples se expressam a partir de experiências em comum. Elas não precisam de intelectuais políticos de vanguarda para sentirem a inflação, para sentirem o descaso do serviço público, para sentirem o quanto o Poder Público advoga a favor do poder econômico que banca as campanhas políticas.
                No topo de sua arrogância intelectual, você esquece que também é humano. Você se esquece de se colocar no lugar do outro. Você paga sua UNIMED, sua AMIL para não ter que conviver com o pobre que você considera menor, pior que você. Você, classe média, paga escola para seu filho para acreditar que ele está longe do favelado que vende droga na porta da escola pública e acredita que todos seus problemas estarão resolvidos assim. Perceba uma coisa: sua intranquilidade momentânea advém do fato de que percebeu que sua segurança é fictícia e estás também ameaçado, tanto quanto aquele menos favorecido que você, seus pais, seus avós, já foram um dia.
                Perceba o quão ridículo é você afirmando que tais movimentos sociais perdem a legitimidade quando surgem em meio a eles pessoas ligadas a agremiações sindicais e partidos políticos. Por acaso, associar-se tira a legitimidade da dor que uma pessoa simples sente quando não vê o poder público agindo para garantir um mínimo de qualidade de vida para ela? Por acaso, apenas a elite dirigente pode formar associações, federações de comércio e indústria? Por acaso, a cidadania é restrita apenas a estes indivíduos?

                Ainda que eu parta do princípio que você, inimigo das manifestações sindicais, ideológicas, partidárias e afins, esteja correto – e não, VOCÊ NÃO ESTÁ, há em meio ao que ocorre hoje nas cidades brasileiras uma vontade do povo de sentir-se ativo na história. Fala-se de que a copa, o progresso econômico é para todos, mas nós, que somos a maior parte deste todo chamado povo brasileiro, não estamos vendo isso nitidamente na nossa qualidade de vida. E eu não preciso estar pintado de vermelho ou azul com amarelo, não preciso ser tucano, democrata, petista, verde ou socialista, para perceber que cada reivindicação social vem de uma dor que clama por cura. E se você leu o texto até aqui e acha que seu autor tem posição político partidária, sim, você está correto. Eu tenho. Se você acha que é neutro é por isso é melhor, você acabou de descobrir se é ou não aquilo que eu coloquei como questão no início do texto. Passar bem.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Curiosa entrevista

"devemos aproveitar este momento e não se prender ao passado"
Curioso pensar que se quiser podemos pesquisar para lembrar, para depois, se quisermos, perdoar e esquecer. Lembrar e perdoar. Nunca vi isso como um possível sentido da história. Há de se levar em conta o aspecto ideológico do veículo de comunicação que divulga tal entrevista, mas isso não tira o valor legítimo que tem a opinião do entrevistado.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/1293767-em-entrevista-inedita-jacob-gorender-diz-ser-contra-punicao-a-torturador-e-lei-da-anistia.shtml

O historiador e militante comunista Jacob Gorender afirmou, em entrevista no ano passado, ser contra a revisão da Lei da Anistia e contra a punição a agentes que praticaram tortura durante a ditadura militar (1964-1985).
"Não deve haver mais punição, já passou, mesmo para os torturadores. Mas [é preciso] expor os fatos com os nomes. Quem foi torturador deve ter o nome exposto", disse Gorender.
Protagonista de uma das trajetórias mais singulares da história recente, o intelectual autodidata, dirigente comunista, preso político e veterano da 2ª Guerra Mundial Jacob Gorender morreu ontem aos 90 anos, em São Paulo.
Apesar de a saúde já debilitada e da aparência frágil, Gorender conversou com a Folhaem sua casa, no bairro da Pompéia, zona oeste de São Paulo. Leia abaixo trechos da entrevista.
Eduardo Knapp/Folhapress
O historiador Jacob Gorender em sua casa, no bairro da Pompéia, em São Paulo; ele morreu nesta terça (11), na capital paulista
O historiador Jacob Gorender em sua casa, no bairro da Pompéia, em São Paulo; ele morreu nesta terça (11), na capital paulista
Folha - Como o sr. vê a criação da Comissão da Verdade pela presidente Dilma?
Jacob Gorender - Acho que essas comissões da verdade estão aparecendo em vários países: Argentina, Chile e Venezuela. Em vários deles, há uma catarse. A sociedade está se purificando ao expor a verdade do que aconteceu, então é isso que deve ser feito. Outras pessoas poderiam participar, mas tudo bem.
O sr. aprova que a comissão verifique apenas crimes perpetrados pelo Estado, como foi dito por alguns dos membros da comissão?
Isso eu acho errado. Sem punição, mas [é preciso] averiguar tudo, todos os nomes. O Pérsio Arida, que polemizou com Ustra [coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, 80,], foi um dos militantes que foi preso por Ustra no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) e torturado. E houve uma polêmica que saiu na Folha [em 2011] entre Ustra e Arida.
Eu acho que a averiguação e o esclarecimento desse tipo de coisa são o que importa. Para investigar os fatos, não deve haver limites, tudo deve ser aberto, exposto, lido e publicado, mas sem punições carcerária, judiciais etc.
Como o senhor encara a demanda de diversos grupos, ONGs, familiares e entidades sociais para rever a Lei da Anistia?
Penso que o que importa agora, como historiador, é recuperar a verdade dos fatos. Mas sou contra qualquer punição para qualquer um dos lados.
Não deve haver mais punição, já passou, mesmo para os torturadores. Mas [é preciso] expor os fatos com os nomes. Quem foi torturador deve ter o nome exposto. O que ele fez deve ser apurado, o Ustra e outros que trabalharam nos Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e nos DOI-Codi e em todos os lugares que havia perseguição política e torturas etc. Mas não punição, acho que isso já não interessa mais. Não faz sentido prender um senhor de mais de 70 anos por um crime cometido há 30 anos.
Mesmo se forem apenas escrachos, como alguns grupos vêm fazendo?
Não interessa nada de punição, mas expor os fatos. O pior torturador não tem de ser punido agora, mas tem de dar o nome dele e mostrar o que ele fez. O Brasil passa por um período único na sua história política, de liberdade total. O Brasil sempre se caracterizou por possuir uma classe dominante extremamente antidemocrática, ditatorial e com pouquíssima liberdade política. Hoje, isso mudou e possuímos total liberdade, devemos aproveitar este momento e não se prender ao passado. Não faz sentido alterar a Lei da Anistia.
Então o sr. não concorda com a posição de diversos grupos que defendem a revisão da Lei da Anistia?
O fim da Anistia não traria nenhum beneficio para o país e para a democracia brasileira. A anistia deve continuar ampla, geral e irrestrita, mas todos os fatos devem ser apurados e todos os torturadores, guerrilheiros e ações, identificados, arquivados e estudados.
A Argentina alterou sua Lei da Anistia. Como o sr. viu essa mudança?
Na Argentina, foi diferente. A ditadura matou 15 mil pessoas mais ou menos, tanto da resistência como também inocentes, pessoas que circunstancialmente estavam envolvidas nos fatos. Então, isso é crime.
Como o sr. vê as indenizações?
Sou contra as indenizações, ninguém deve ser indenizado. Se sofreu, sofreu, acabou, ninguém me propôs para eu ser indenizado. O Ziraldo obtém uma indenização de R$ 400 mil, outro, de R$ 1 milhão. Então sou contra indenizações, ninguém lutou por isso, eu sou contra. Sou a favor da exposição dos fatos.