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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Estados Unidos e Brasil

Eu sei que vai parecer meio que um clichê começar outro texto assim, mas estou apoiando-me em memórias específicas. Então, vamos lá.
Quando eu era criança vivia assistindo os famosos enlatados americanos (esquadrão classe A, supermáquina, duro na queda, entre outros). Sempre apareciam os nomes das cidades norte-americanas e um monte de coisas “legais” nelas. Eu ficava pensando que tudo o que existia de mais legal estava nos Estados Unidos.



Um professor de história, na sexta série, chamou-me a atenção com as seguintes perguntas: Por que é que nos filmes eles aparecem como heróis? Como defensores da liberdade? Como os mais ricos? Por que os alienígenas nunca descem no Brasil?
A questão que se formou na minha cabeça foi: Por que Brasil e Estados Unidos são tão diferentes? E foi isso que levei para o professor, que aproveitou a deixa para falar a respeito da história de colonização portuguesa, comparando com a inglesa. Enfatizou que certas regiões das colônias inglesas, as localizadas ao norte, gozavam de relativa autonomia com relação a sua metrópole, o que lhe permitiu um desenvolvimento econômico menos dependente da Inglaterra. Que nestas áreas houve um processo de criação de manufaturas, primeiro passo ruma à industrialização. Enfatizou a inexistência da escravidão, comparando com o sul e com as colônias latino-americanas, criadas para abastecer de mercadorias tropicais as suas respectivas metrópoles.

Quando ele falou sobre os motivos que fizeram os colonos se revoltarem contra os ingleses, as leis intoleráveis (lei do chá, do selo, entre outras), a pressão que os ingleses fizeram após a vitória na Guerra dos Sete Anos, a perda do direito de comprar açúcar de outras fontes que não inglesas, enfim, entendi os motivos pelos quais a população, sobretudo das cidades das colônias do norte, almejavam tanto sua independência. Foi ai que o professor falou que a tal “terra da liberdade”, ao se libertar, não concedeu abolição aos seus escravos nem deixou as mulheres participarem da vida política, muito menos os de baixa renda. Os famosos "Founding Fathers" (em tradução livre, pais da fundação, Thomas Jefferson, Benjamin Franklin e o senhor do quadro abaixo, George Washington), não fizeram muita questão de ampliar os direitos à todos.

Aquele garoto da sexta séria que havia a pouco tempo estudado história do Brasil havia percebido uma semelhança, pois no caso da independência brasileira, estes três aspectos foram iguais.
Anos se passaram, estudei com outros professores no ensino médio, fiz a faculdade de história e comecei a lecionar. Uma vez, em uma turma de primeiro ano numa escola de Colombo, comecei minha aula sobre independência dos EUA, enfatizando as características que se apresentam em todos os livros, apostilas e materiais paradidáticos. Lá pelas tantas uma garota que não me recordo o nome fez a analogia que eu tinha feito na sexta série. Uma outra perguntou algo como “por que é que nós não nos desenvolvemos como eles e não ficamos ricos?”
Quando eu estava disposto a desenvolver o restante da aula com base nesta questão, uma aluna chamada Dayane levantou a mão e falou “mas por que é que nós precisamos nos desenvolver tendo como comparação a história do desenvolvimento norte-americano?”.
Tal questão “só” envolve um amplo debate na historiografia. Durante os anos 1950 e 1960, quando se repensava o Brasil sob a perspectiva das políticas nacionais-desenvolvimentistas, esta questão vinha sempre a tona. Naquela época em que estabelecíamos amplas relações comerciais com os EUA e ficávamos do lado Norte-americano na guerra fria, e em nítida desvantagem, historiadores, sociólogos e intelectuais em geral procuravam comparar as histórias de ambas as nações para compreender em qual ponto nós nos desviamos do ideal de desenvolvimento pleno.


 

Existiram aqueles que entendiam que precisávamos imediatamente romper os laços com os “yanques imperialistas”, para  que pudéssemos nos desenvolver sem depender ou ser explorados. Existiam os que defendiam que o processo de desenvolvimento só se realizaria com ajuda do capital estrangeiro, em abundância nos EUA.
O que chama a nossa atenção é que hoje, 2011, quando contamos com excelentes perspectivas para a economia brasileira, entusiasmo nítido com o crescimento nacional, ainda assim, estudamos e pensamos no desenvolvimento dos EUA e sentimos uma dorzinha no cotovelo ao vermos o padrão de vida deles, que é o que muita gente ainda sonha, deseja. O Sonho Americano.
Eu proponho as seguintes perguntas:
1 - Aquela questão dos anos 1950-1960, muito bem exposta em 2004 pela minha ex-aluna, ainda é uma questão atual?
2 – Será que ainda é relevante estudar de forma comparativa a história das duas nações, quando a rigor, vislumbramos uma oportunidade real de nos tornarmos um país influente no jogo político e econômico mundial?
Em tempo, vai ai um link muito interessante de uma matéria feita pela imprensa americana sobre o Brasil.
Não se entusiasmem tanto. Nós sabemos dos nossos problemas melhor que os estadunidenses. O que realmente é interessante notar é que estamos chamando a atenção do globo.

3 comentários:

  1. 1-com certeza sim,nosso pais não cresce
    por deixar outros vir aki e nos explora
    de graça.

    2-bom essa ai não entendi bem.

    Mas oq eles falam na globo,é principalmente pra fazerem com q o tal presidente ou ministro sei lá da educação faça uma mudança no brasil real,pois antes quando o presidente henrique C.
    assumiu a presidência ele mal se importava com

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  2. Saudações professor. Parabens pelo blog, tah ficando bacana.

    André, é com certeza uma questão atual. Haja vista que o governo Dilma terá como foco a preservação e o desenvolvimento
    do relacionamento com os EUA e dependemos muito dos EUA. Acho que ainda não é o momento de darmos as cartas na mesa.Nós brasileiros não
    estamos preparados para tal empreitada, já que temos serios problemas na educação.Precisamos primeiro, arrumar a bagunça aqui dentro, para depois sairmos por ai ditando as regras.

    A influencia que sofremos dos EUA, vejo como um ponto positivo, já que podemos usar as experiencias dos EUA para errarmos o
    minimo possivel por aqui.
    Assim como temos influencias positivas dos EUA temos que ter influencias positivas de outros paises.
    Alguns paises tem avançado no combate as drogas, os EUA está indo pelo mesmo caminho, e espero que o Brasil
    tambem avance nessa questão.

    Precisamos de ideias boas assim como a do combate ao trafico, que é usada em varios paises.
    Longe de mim desmerecer meu pais, amo o Brasil. só acho que devemos olhar para os outros pensando em nós mesmos.

    Saudações eternas Tiago 3ºD

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  3. Essa entrevista com Marco Aurélio, esclarece bem a questão da politiva externa do governo Dilma.

    http://www.youtube.com/watch?v=6gEicTFrd4c

    E tambem tem algumas coisas interessantes falando sobre a politica externa no blog do planalto.

    http://blog.planalto.gov.br/politica-externa-baseada-em-nao-intervencao-multilateralismo-direitos-humanos-e-paz/

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