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terça-feira, 23 de março de 2021

O Tribunal da Covid

    Caros leitores, é bom lembrar que passaremos por tudo isso. Muitos já tombaram nessa luta e muitos ainda tombarão, mas não há mal que seja eterno nem bem que dure para sempre. O fato é que teremos de ser rigorosos, severos, justos e ativos quando esse descalabro acabar.

    Quando tudo isso acabar e os padrões civilizatórios forem restaurados, vai ser nosso dever trazer a justiça e a punição para cada liderança mórbida, sórdida que nos colocou nesse risco, de forma irresponsável, custando a vida de muitos daqueles que amamos.

    É preciso desde já nos prepararmos para as lutas que teremos no processo de restauração do pacto civilizatório, mas para além disso, é preciso também preparar o mundo que virá, que pretendemos construir.

    É imperativo e será o dever da próxima geração fazer prevalecer a ciência, o bem coletivo e a limitação da autoridade do poder econômico. Será necessário também investigar, abrir inquérito, prender e executar a punição a cada agente público ligado ao bolsonarismo que, através de sua inação, por conivência, por maldade em seu estado mais puro, operou para consolidar este genocídio. 

    É dever de cada cidadão adepto dos princípios civilizatórios forçar aos seguidores do genocida o reconhecimento dos erros que fizeram e a responsabilidade pelo estrago que proporcionaram na nossa já sofrida sociedade brasileira.

    Não devemos ter medo de promover a ruptura, a separação e o afastamento dos bárbaros, por conta do passado compartilhado, da vida que um dia foi vivida, pelos laços que um dia tivemos.  A selvageria deles está matando a muitos e adoecem, fisicamente e mentalmente a outros tantos mais.

    Cada ministro, secretário, servidor de autarquia, servidor de cada um dos poderes deverá ser investigado. Que se realize uma devassa e seja, cada um, responsabilizado conforme seu peso de culpa. Façamos isso após tudo ser restaurado. E que não sobre um único ser com o sobrenome do maldito para tentar resgatar através da mentira um passado que, hoje é presente e no futuro será lembrado como o ritual de passagem para a nossa maturidade civilizatória.

    Aproximem-se daqueles que defendem os mais necessitados, os mais pobres, os mais convalescidos. Repudiem a todos os que negam a realidade em nome de uma abstração ideológica assassina. Acolham os arrependidos, mas com vigilância, pois a maturação da moral não ocorre da noite para o dia, mas o medo da solidão social converte a fala da boca, mas sustenta a mentira do espírito.


sábado, 6 de março de 2021

Jacques Le Goff


    Não passo nem perto de ser um medievalista. Na realidade, acho estranho o fascínio que o período exerce na imaginação das pessoas. Obviamente que entendo o interesse dos historiadores que se especializaram no período e na investigação histórica, na discussão historiográfica, afinal de contas, isso enriquece intelectualmente e profissionalmente, mas como afirmei, nunca fui muito fã de estudar o tal época.

    Mesmo assim, alguns autores são tão bons, escrevem tão bem e deixam a leitura tão agradável que vez por outra, acabamos nos interessando por temas que não caem no nosso gosto em função da qualidade do texto do pesquisador. É essa a minha relação com a obra do Le Goff.



    Parte dessa virtude do Le Goff talvez seja em função de sua pré disposição de levar o conhecimento histórico e historiográfico para além das barreiras acadêmicas. 

    De sua autoria eu li O nascimento do Purgatório, O Maravilhoso e o Quotidiano no Ocidente Medieval (li parcialmente), Por amor às Cidades e A Bolsa e a Vida, que compartilho com os interessados em conhecer um pouco da obra deste grande intelectual.