Pesquisar este blog

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Perspectivas para 2015


               Meu texto anterior me surpreendeu. Mais de 1800 acessos em um intervalo de 7 horas. Fui chamado de oportunista por uns, recebi pedidos de referências sobre o funcionamento do FUNDEB por outros. Mas isso não importa. O maior resultado foi as pessoas saindo da mesmice PT vs. PSDB que norteia a discussão política em geral e de políticas públicas para a educação em particular. Convém sempre deixar claro minha posição: Eu defendo educação de qualidade. E sei que PSDB não vai oferecer isso. Fim de papo, este é o pensamento sobre o texto anterior e sua repercussão.

               O que realmente quero agora é chamar a atenção para outra coisa. Na sala dos professores da escola pública em que leciono, muito foi discutido quando da anulação da eleição dos diretores, que até então era amparada por lei. Na ocasião, conversei com amigos e disse: “Este é o primeiro passo do governo do Beto. Ano que vem será pior. Com controle total da ALEP e com o judiciário comprado com auxílio moradia e camionetes, outras coisas piores acontecerão”. Uma assembleia que anula uma lei que rege a educação pode fazer qualquer coisa. Amigos, nosso plano de carreiras e salário está ameaçado.

             Uma fonte minha ligada a gestores dentro da SEED PR participou na semana passada de um evento social com os colarinhos brancos da secretária. Aqueles que ganham 15 mil por mês, cargos comissionados utilizados para conseguir apoio político e garantir reeleição. Esta fonte afirmou que, devido à lei nacional do piso salarial, o Estado do Paraná alterará o plano de carreira e achatará os salários até o nível do piso, dificultando a posterior progressão. Tudo também para evitar que os ganhos conquistados atinjam os inativos. Amigos, nossa progressão está ameaçada e a aposentadoria também.

           Tudo bem. Parece pouco não é mesmo? Pois bem, todos nós sabemos que o Estado não paga o piso, que parte do nosso ganho é complementada com o auxílio transporte. Assim que o piso for atingido, auxílio transporte será reduzido em até 70% do que é hoje, ficando literalmente elas por elas.
            Quando eu disse que a derrubada das eleições para diretores era um golpe contra a democracia na gestão escolar, muita gente concordou. Quando falei que outras coisas estavam ameaçadas, falaram que era “viagem” minha. Mas as coisas estão se desenhando. O modo de operar do partido que está no governo é este. Sucatear para depois vender. Já existem conversas adiantadas da SEED com o Sistema S para a terceirização da contratação de professores. Quem ai lembra-se do Paraná Educação?

               Bem, acredito que leitores mais dispostos a radicalização já estejam há tempos inclinados a pedir greve. Ela é instrumento de luta válido, certamente. Mas este sindicato tem força e representatividade suficiente para comprar esta briga? O que aconteceu ano passado, o uso político partidário do sindicato e a saída da greve entristeceu muita gente. O que mais se discute nas salas dos professores é a desconfiança da ação do sindicato. Pois bem, eu acredito que o sindicato pode sim organizar uma greve e fazê-la vitoriosa, desde que não partidarize o movimento. Eu sou de esquerda, tenho orientação política de esquerda, mas não é uma luta Esquerda VS. Direita que vai salvar a educação.

               A causa dos educadores tem que ser a garantia dos seus direitos conquistados e a ampliação dos mesmos. A modernização do ambiente de trabalho, do serviço de saúde do professor, da segurança. Não estamos aqui para derrubar o Czar e o capital. Queremos lutar, sim, mas por uma escola plural, democrática, de qualidade.

               Palavras de ordem bonitas até, mas não vamos nos iludir. As experiências das greves de São Paulo e da Bahia já estão no horizonte dos chefões da SEED. Estes movimentos não conquistaram o que almejavam e a falta de coerência na condução da greve enfraqueceu ainda mais a categoria. É exatamente isso que a SEED espera que ocorra aqui. Se estourar uma greve e o sindicato ficar contente com ofertas ridículas, satisfeitos com a exposição de seus líderes para que estes possam eventualmente concorrer a cargos políticos, tudo será um enorme fracasso, como foi 2013.


               Este ano tende a ser sombrio para nós professores. Por isso mesmo que registro aqui minhas perspectivas e possíveis erros que possam se apresentar no caminho. Caros colegas do sindicato, não sou contra vocês, apenas acho que o método já está saturado. Venha a lutar que vier, estaremos buscando melhorar a educação para garantir uma vida mais digna para os cidadãos de nossa nação. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário