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quarta-feira, 1 de maio de 2013

A criação de "dossiês" como estratégia para a compreensão de conteúdos e de metodologia de pesquisa.

     Este é um relato curto e objetivo de algumas experiências profissionais que eu desenvolvi e desenvolvo anualmente com segundas séries do médio. Tem como principal objetivo, de início, o compartilhamento de estratégias para melhorar a compreensão dos alunos de temas ligados a Revolução Francesa e Período Napoleônico. Quem sabe, numa formatação diferente, transforme-se em uma artigo científico mais rico em dados. 
     Já faz alguns anos que estimulo meus alunos a produzirem dossiês sobre alguns personagens ativos dentro do processo revolucionário francês e a estruturação é relativamente simples. Entendendo que a história é um exercício constante de reinterpretação do passado, faço para eles a proposta de pesquisarem as ações destes personagens previamente selecionados e a partir de levantamentos biográficos e de informações históricas simples e básicas, solicito que eles criem um argumento que possa acusar ou defender o personagem de culpa ou inocência. Por exemplo: Acusar Maria Antonieta de gastos e uso dos recursos  dos cofres públicos franceses.

     O trabalho divide-se essencialmente nas seguintes partes:

1) Introdução: Apresentar o personagem (no caso, o objeto da pesquisa) e a acusação/defesa  (no caso, a hipótese que está por trás da produção do aluno). 

2) Desenvolvimento: A partir de levantamento de informações biográficas, fontes primárias ou secundárias disponíveis em bibliotecas e internet, os alunos necessariamente devem defender o argumento de acusação/defesa levantado na introdução, obrigatoriamente, devem apresentar as referências, se não no corpo da parte "Desenvolvimento", no final do trabalho.

3) Conclusão: De um a dois parágrafos conclusivos, enfatizando que a documentação disponível para realizar a pesquisa pode comprovar a hipótese apresentada na introdução.

4) Referências bibliográficas.

     Em três anos fazendo tal atividade, venho notando maio empenho dos alunos que se empolgam com a ideia de que a "ideia" deles será mais valorizada que uma cópia. A incidência de plágios vindos da internet é bem pequena e alguns acabam se destacando com uma estrutura de construção de frases e parágrafos, como os que cito agora:

Acusação
"Segundo fontes históricas supõe-se que Maximilliam foram um sujeito frio e calculista, mas seu perfil psicológico veio a mudar depois que iniciou o Período de Terror, onde era comum a guilhotinagem de supostos inimigos da Revolução, que eram abominados por Robespierre"

Ainda sobre Robespierre, outro aluno escreveu:

Defesa
"Propagou ideias revolucionárias querendo sempre visar o melhor para seu povo, mesmo que fosse necessário a morte do próprio rei (Luiz XVI), acusado de traição contra o povo e morto na guilhotina, o que foi brevemente justificado "O terror nada mais é do que a justiça rápida, violenta e inexorável. É portanto, uma expressão da virtude" (Robespierre, 1791)"

     É queixa comum entre os professores o fato de que alunos não manifestam interesse em produzir, preferindo repetir textos através de um exercício de cópia. É verídico que tal fato ocorre em todas as disciplinas da educação fundamental e do ensino médio. Porém, é verídico também que uma orientação mais adequada, uma estratégia bem fundamentada e clara podem tirar dos estudantes leituras de mundo, de passado, muito mais úteis ao seu processo de formação.


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